Vídeo: homens invadem rádio para ameaçar locutor que criticou Bolsonaro

Homens entraram em estação de rádio após locutor criticar condução de Bolsonaro na pandemia Foto: Reprodução de Internet

Um grupo de quatro homens invadiu, na noite de terça-feira (6), a sede da rádio Comunidade FM, localizada em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, para ameaçar de agressão um locutor que criticou o presidente Jair Bolsonaro durante um programa ao vivo da emissora.

Os invasores, que não tiveram a identidade revelada, divulgaram em suas próprias redes sociais vídeos da invasão da rádio. Eles seriam ligados a grupos de direita do município e teriam se revoltado com um comentário feito pelo radialista Júnior Albuquerque sobre a má gestão da pandemia por parte de Bolsonaro.

Segundo o locutor, ele passou a receber diversas ameaças desde que passou a criticar a atuação do governo federal diante da crise sanitária que assola o país. Em entrevista à jornalista Vanessa Moura, do “Jornal do Commercio”, Albuquerque explicou que a reação agressiva veio após ele apontar que os apoiadores de Bolsonaro também são responsáveis pelo genocídio da Covid-19.

“Eu fiz um comentário opinativo, onde expus que no meu ponto de vista, Hitler não era o único culpado do genocídio que aconteceu na Alemanha, pois quem o apoiou e quem se calou também teve sua parcela de culpa. Assim como no Brasil, em relação à covid-19, os eleitores de Bolsonaro que concordam com a política sanitária que ele vinha fazendo, também iam ter culpa e a história ia dizer isso”, contou o radialista.

“Fala agora quem é genocida”, diz o invasor, em tom de ameaça. Em seguida, o bolsonarista diz para “falar com ele” fora da rádio.  A Polícia Civil de Pernambuco afirmou que foi feito um registro de ocorrência de ameaça. Assista ao registro publicado no canal do Youtube do blog do Bruno Diniz:

Sobre o caso, a Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe) emitiu uma nota condenando o que classificou como “invasão de um estúdio de rádio” que pode abrir um “perigoso precedente que ameaça todos os veículos”.

“A Rádio Comunidade tinha programa apresentado pelo radialista Júnior Albuquerque. Segundo relatos, ele cobrava maior atuação do governo federal na pandemia e foi surpreendido por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro que invadiram os estúdios, o intimidaram e o ameaçaram”, afirma a Asserpe.

A organização explicou que decidiu se posicionar mesmo que o caso envolva uma rádio que não é uma de suas emissoras associadas “por tratar-se de ameaça à liberdade de imprensa”, que afirmou defender “de forma altiva”.

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