Pancadas de chuva e altas temperaturas. O verão em grande parte do Brasil tem a combinação perfeita para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Sendo assim, os cuidados, que devem ser tomados ao longo de todo o ano, devem ser redobrados nesta época.
Transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya, o A. aegypti deve ser combatido antes mesmo de se tornar mosquito. “A forma mais fácil de controlar o Aedes aegypti é interrompendo seu ciclo de vida. É fundamental que a população se empenhe em eliminar os potenciais criadouros em suas residências. Uma atividade de verificação semanal de apenas 10 minutos é o suficiente para evitar a proliferação do inseto”, explica Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
A fêmea do Aedes geralmente procura locais com água parada para depositar seus ovos. Quando em condições favoráveis, de 7 a 10 dias centenas de novos mosquitos chegarão à fase adulta, momento em que são capazes de transmitir os vírus.
Para evitar que isso aconteça, a recomendação principal é fazer algo bem simples: eliminar todos os recipientes que acumulem água. Entre eles, estão pneus, garrafas, vasinhos de plantas, bandejas de ar-condicionado e calhas. Já os recipientes que não puderem ser descartados devem ser devidamente vedados e constantemente observados.
“A fêmea espalha seus ovos por diversos criadouros. Não podemos nos tranquilizar e encerrar a verificação se no primeiro local já forem encontrados ovos ou larvas. Devemos ficar ainda mais alertas e verificar outros locais próximos”, salienta Denise. Cada fêmea do Aedes aegypti pode colocar até 1.500 ovos em seu curto período de vida. “É importante olhar a casa com ‘olhos de mosquito’”, conclui a especialista.
Em 2011, pesquisadores e profissionais de Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz lançaram o projeto 10 Minutos contra o Aedes. O conceito se baseia na ideia de que 10 minutos semanais são suficientes para a realização de uma vistoria que evite a proliferação do A. aegypti no ambiente doméstico.
“De cada dez criadouros, oito estão dentro das casas. É fundamental que o monitoramento dos nossos espaços seja feito como conduta cotidiana. Não adianta só cobrar do poder público”, reforça Denise Valle.
De acordo com o projeto, a intervenção realizada de forma periódica nos ambientes é suficiente para interromper o ciclo de vida do Aedes aegypti. Desta forma, a participação de todos na eliminação de criadouros do vetor da dengue, Zika e chikungunya é significativa para evitar epidemias e surtos dessas doenças.
Caso encontre água parada com larvas em algum recipiente, é importante ter cuidado na hora de sua eliminação. A recomendação é de que o conteúdo seja descartado em um piso de cimento para evitar que essas larvas tenham novo contato com água.
Recipientes que expostos constantemente a água, como calhas, devem ser limpos regularmente. Para a limpeza, é recomendado o uso de escovas, ou material que produza atrito, pois os ovos do mosquito podem ficar depositados por diversas semanas até terem contato com a água e eclodirem.
Até 2015, a maior preocupação do Brasil em relação ao Aedes aegypti era com a dengue. No entanto, em novembro de 2015, o aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia no Brasil levou o Ministério da Saúde a decretar emergência em saúde pública de importância nacional.
Posteriormente, o desenvolvimento da malformação em fetos foi associado à infecção pelo vírus zika. No mesmo período foi registrado também um aumento de casos de chikungunya no Brasil.
Com a circulação simultânea dos três vírus, o Ministério da Saúde alterou campanhas que antes apenas alertavam sobre os riscos da dengue; que passaram a informar sobre os riscos provocados pelo Aedes aegypti.
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