‘Vai aumentar o dólar, cair a Bolsa? Paciência’, diz Lula sobre teto de gastos

Lula. Foto: Ricardo Stuckert

Lula. Foto: Ricardo Stuckert

No segundo dia de agenda pública na COP27, a conferência climática da ONU no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com representantes da sociedade civil e movimentos sociais, e criticou as oscilações promovidas por especuladores na bolsa de valores quando sinaliza que pretende flexibilizar o teto de gastos.

“O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social”, disse ele nesta quinta-feira (17).

Lula ressaltou ainda ser necessário manter o olhar para a agenda social, e não só para a fiscal.”Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social. Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência. O dólar não cai por conta de pessoas sérias, mas dos especuladores”.


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Lula: O Brasil precisa ser recuperado

Em sua fala, o presidente eleito falou sobre a situação em que está assumindo o país, destacou a importância de envolver a sociedade em decisões importantes, e ressaltou que “o Brasil precisa ser recuperado”.

“Vamos pegar um país pior do que em 2003, com o desmonte e descrédito das instituições. Passamos a ter um Executivo sem nenhuma relação com a sociedade brasileira. Que, em quatro anos, não se reuniu com ninguém da sociedade civil, mas ofendeu mulheres, negros, periferia, portadores de deficiência. A nossa tarefa é recuperar, porque eu não vejo o Brasil dar certo sem envolver a sociedade nas decisões”, completou o político.

Lula se encontra com representações da sociedade civil brasileira na COP27. Foto: Ricardo Stuckert
Lula se encontra com representações da sociedade civil brasileira na COP27. Foto: Ricardo Stuckert

Teto de Gastos

A declaração de Lula acontece um dia após o vice, Geraldo Alckmin, que comanda o governo de transição, apresentar a chamada PEC da Transição, que propõe que os recursos do Bolsa Família – além de doações para questões ambientais – sejam retirados do teto de gastos. A PEC ainda assegura R$ 22 bilhões para investimentos em infraestrutura com o objetivo de alavancar a iniciativa privada em projetos de geração de emprego.

“Quando você coloca uma coisa chamada teto de gastos, tudo que acontece é você tirar dinheiro da saúde, tirar dinheiro da educação, tirar dinheiro da ciência e tecnologia, tirar dinheiro da cultura. Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social. E você não mexe em um centavo do sistema financeiro. Você não mexe um centavo daquele juro que os banqueiros têm que receber”, acrescentou Lula.

“Nós temos que cumprir meta de inflação, sim. Mas nós temos que ter meta de crescimento. Nós temos que ter algum compromisso de crescimento, de geração de emprego, se não, como você vai fazer para que a riqueza seja distribuída? Nós temos que garantir que vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação”, emendou.

A PEC da Transição será votada primeiramente pelo Senado Federal até o final do mês. Já a Câmara dos Deputados deve analisar o projeto no início de dezembro.

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