Unesco anuncia Rio de Janeiro como a capital mundial da arquitetura

Palácio Capanema, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

Palácio Capanema, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

A Cidade Maravilhosa, conhecida mundialmente por suas belezas naturais, tornou-se também a primeira Capital Mundial da Arquitetura. O anúncio foi feito em Paris nesta sexta-feira (18), na sede da Unesco, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para educação, ciência e cultura. A secretária municipal de Urbanismo, Verena Andreatta, representou o prefeito Marcelo Crivella na solenidade. Em 2020, o Rio será sede do 27º Congresso Mundial de Arquitetos. O evento ocorre a cada três anos, e, a partir da edição carioca, a cidade que sediar o evento receberá também o título.

Parque do Flamengo, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio
Parque do Flamengo, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

“Nosso compromisso é o de transformar o ano de 2020 em um marco na história cultural da cidade. Além da visibilidade internacional, teremos a oportunidade de ampliar a relação de pertencimento dos moradores da nossa cidade com o seu patrimônio histórico e arquitetônico, difundindo e preservando esse acervo”, comemorou o prefeito Marcelo Crivella. “O Rio de Janeiro possui uma arquitetura que reflete a riqueza de culturas que formam a sociedade brasileira, por ter sido porto e capital do Brasil por mais de dois séculos”.

Verena Andreatta destacou os impactos econômicos e sociais do título conferido pela Unesco. “Os impactos serão enormes, porque a cidade vai entrar num momento de debate sobre as condições urbanas. Não só o Rio, mas todas as capitais mundiais, que estão estruturando seu futuro para as próximas décadas. Estima-se que venham ao Rio, em 2020, durante o congresso mundial, mais de 25 mil pessoas e, com isso, nossa cidade também vai ganhar com o turismo, com empregos e renda”.

Theatro Municipal, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio
Theatro Municipal, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

Presidente do 27º Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2020 RIO, Sérgio Magalhães frisou que a decisão da Unesco abre novas perspectivas para a cidade e o país. “Ser Capital Mundial da Arquitetura e sediar o Congresso Mundial de Arquitetos formam um binômio de extrema importância para a cidade do Rio e para a cultura arquitetônica brasileira. Especialmente, porque proporciona um diálogo com a sociedade, que deverá criar um novo tempo para o enfrentamento dos desafios das nossas cidades”, destacou Magalhães.

O Rio foi escolhido pela UIA por seu passado arquitetônico, histórico e cultural, mas também pelos desafios que enfrenta. O congresso, no entendimento de Magalhães, vai gerar reflexão sobre o futuro carioca. Cidade de grande diversidade urbanística, o Rio tem em seu território situações comuns em grandes centros urbanos, tanto de países mais pobres ou em desenvolvimento como de nações ricas. “O que a torna um caso quase único de interesse para os arquitetos do mundo todo”, assinalou Magalhães.

“A cultura e a arquitetura são fundamentais para a superação de desafios e soluções inovadoras para os espaços urbanos. Ter o Rio como a primeira Capital Mundial da Arquitetura é um fato a ser celebrado pelo país, uma vez que a cidade se tornará o palco de uma série de eventos, em 2020, para tratar de temas importantes para o desenvolvimento, como cultura, planejamento urbano, mobilidade, obras públicas e a construção de cidades mais inclusivas. Além desse título, a cidade ainda é reconhecida por abrigar dois sítios do Patrimônio Mundial Cultural: paisagens cariocas entre a montanha e o mar e o Sítio Arqueológico Cais do Valongo”, comentou a diretora da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.

Legado para a cidade

Central do Brasil, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio
Central do Brasil, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

Além de atrair novamente as atenções internacionais de forma positiva, o título de Capital Mundial da Arquitetura destaca um aspecto ainda pouco difundido do Rio: seu valor arquitetônico. A cidade tem muito a oferecer nesse sentido: construções do período colonial; prédios no estilo art-déco, que marcou as primeiras décadas do século passado; e os primeiros edifícios modernistas e pérolas da arquitetura de Oscar Niemeyer, maior nome brasileiro, reconhecido mundialmente. No entanto, segundo especialistas, o principal legado será o de identificar metas que possam ser traçadas para os próximos dez anos, o que ajudará a construir políticas públicas para a melhoria do projeto urbanístico da cidade.

Entre os benefícios para o Rio, destacados na época da candidatura a sede do congresso de 2020, está o de buscar, com a realização do evento, um modelo de cidade alinhado com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Outra expectativa de legado é, no aspecto urbanístico, ressaltar a importância dos espaços públicos como plataforma de interação social.

Paço Imperial, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio
Paço Imperial, Rio de Janeiro. Foto: Michel Filho/Prefeitura do Rio

Esses conceitos têm norteado as ações da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). Um exemplo é o desenvolvimento do programa Rio Conecta, que prevê intervenções urbanas para requalificar espaços públicos com grande fluxo de pessoas, em especial o entorno das estações de transporte. O objetivo é criar melhores condições para quem caminha e facilitar a conexão entre os pedestres e os diversos modais de transporte público. A meta é reduzir o número de veículos nas ruas e, consequentemente, a emissão de dióxido de carbono.

Outro passo significativo nessa direção foi a revisão do Código de Obras e Edificações do Rio de Janeiro, elaborado pelo corpo técnico da SMU, aprovado na Câmara dos Vereadores e sancionado pelo prefeito Marcelo Crivella este mês. Além de proporcionar mais liberdade para que o construtor escolha o layout e o desenho dos apartamentos, a nova legislação traz medidas sustentáveis, como a obrigatoriedade da construção de bicicletários e a redução do número de vagas de veículos nos prédios. Também permite jardins nos telhados e elementos de proteção à insolação nas varandas, o que reduz a carga térmica nas residências e, portanto, a necessidade de aparelhos de ar-condicionado.

Congresso

Maior fórum mundial de arquitetura, o Congresso Mundial de Arquitetos UIA 2020 RIO é promovido pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) – sediada em Paris – e organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Pela primeira vez no Brasil, o evento será realizado entre 19 e 26 de julho de 2020, no Rio, com atividades em locais diversos da cidade, entre eles o Palácio Gustavo Capanema, que deverá receber exposições, palestras e workshops. A expectativa é que 25 mil arquitetos e acadêmicos de arquitetura de todo o mundo visitem o Rio durante a realização do UIA2020.

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