Vem aí transporte pelas lagoas da Barra, Recreio e Jacarepaguá

O futuro secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, disse ao SRzd que vai tirar do papel o projeto de Transporte Hidroviário que tornará viável o deslocamento de passageiros pelas lagoas da Barra, Recreio e Jacarepaguá. Seria mais uma alternativa para desafogar o trânsito rodoviário na zona oeste. O objetivo é que tudo seja conectado com o metrô.

Certamente o secretário e o prefeito eleito Marcelo Crivella, que são moradores da Barra e conhecem as peculiaridades do bairro, terão que enfrentar outro desafio, o da dragagem das lagoas, obra que estava prevista no caderno de encargos dos Jogos Olímpicos de 2016 e parada por questões ambientais. Sem ela, embarcações não têm como navegar, devido ao assoreamento.

A reivindicação deste tipo de transporte é antiga por parte das associações de moradores. Os líderes comunitários que conversaram com o SRzd disseram que têm consciência que o serviço precisa passar por processo de licitação. Embora, Fernando Mac Dowell tenha nos dito que sua intenção é que os atuais condutores das balsas, que ele chamou de “pessoal que hoje já está lá” é que deve tocar o serviço.

Mas já existem grupos grandes de olho no “negócio”. A gigante imobiliária Carvalho Hosken é uma das empresas atentas ao projeto por causa da valorização dos seus terrenos. Outra empresa é a Grove Boats Brazil, que já se pronunciou no passado e demonstrou publicamente a sua simpatia pela ideia, desde que haja a formalização de uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) por parte da prefeitura.

Ainda na gestão Eduardo Paes chegou-se a dizer que o ideal seria contar para este transporte hidroviário com 68 barcas realizando três rotas, com nove linhas, divididas entre expressas e paradoras (locais), em um sistema similar ao dos BRTs. Três linhas seriam circulares. Pelo projeto, as embarcações sairiam com intervalos de cinco minutos e seriam movidas a eletricidade e luz solar.

A ideia de Mac Dowell seria integrar este sistema com a estação Jardim Oceânico do Metrô.

Não podemos esquecer que existem outros obstáculos. O Governo Crivella terá que convencer o Ministério Público Estadual e Federal em relação à dragagem dos canais e lagoas. Logo será exigido um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), apoiado em quatro pilares:

1- Dar um basta ao processo de poluição decorrente do processo desordenado de ocupação da região, diariamente afetada pelo despejo de esgoto e resíduos sólidos, ação que depende diretamente dos serviços da CEDAE.

2- Fazer a dragagem dos canais e lagoas para retirar o lixo e o lodo ativo do fundo, para que a água do mar volte a entrar nestes corpos hídricos e aumente em 50% a troca hídrica em relação a atual. Estudos indicam um volume de 5 milhões de metros cúbicos a serem retirados.

3- Recompor a flora às margens dos canais e lagoas.

4- Dar correta destinação ao lodo retirado na dragagem.

Sobre a limpeza aquática, a construtora Carvalho Hosken ofereceu um terreno em solo, junto à Pedra da Panela (Baixada de Jacarepaguá), que poderia receber  a maior parte do resíduo retirado da lagoa.

A tecnologia a ser usada é a mesma adotada na bem-sucedida dragagem da Ilha do Fundão, que inclui processos para reduzir, inclusive, o mau cheiro decorrente da operação. O lodo a ser depositado em solo – suficiente para encher sete Maracanãs – será acondicionado em tubos (bags) de tecido geotêxtil de alta resistência, capazes de drenar a água e manter apenas o sólido.

Como Fernando Mac Dowell disse ao SRzd, tudo ainda está na fase de estudos, e, por isso,  ele ainda não tem como adiantar prazos, embora o seu desejo seja viabilizar isso em 2017.

Estudos preliminares de entidades independentes dizem que são previstos três meses para a dragagem do Canal da Joatinga e para a Lagoa de Camorim; sete meses para a Lagoa de Marapendi, 14 meses para a Lagoa de Jacarepaguá e 21 meses para a Lagoa da Tijuca.

O fundamental, garante o futuro secretário de Transportes, é que o projeto é prioritário.

 

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