Tiririca: ‘Governo Bolsonaro pode ser o pior de todos’

Tiririca. Foto: Câmara dos Deputados

Tiririca. Foto: Câmara dos Deputados

Pior que tá não fica? Quinto deputado federal mais votado no estado de São Paulo, com 445.521 votos, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, é mais um parlamentar a criticar duramente o governo Bolsonaro.

Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, o comediante, que já está em seu terceiro mandato na Câmara, declarou que Bolsonaro pode ser tornar o “pior presidente da história do Brasil.”

“Tá faltando a galera pra chegar e dizer: ‘Irmão, senta aqui. Cara, tu não é deputado. É o país, irmão. Assim não vai'”, disse o parlamentar do PL, que comparou a situação do presidente no Planalto com a que ele mesmo viveu  quando chegou à Câmara. “Achei que ia aprovar um monte de coisa, mas não funciona assim”.

“Se ele não sair do pedestal ele vai ser o pior governo que já tivemos em todos os tempos”, criticou Tiririca. “Ele veio com um discurso de política nova e tá caindo na mesma coisa. Porque não existe política nova nem política velha, a política é a política”, continuou o parlamentar, que clamou por “diálogo” entre o Bolsonaro e o Legislativo.

Tiririca. Foto: Câmara dos Deputados
Tiririca. Foto: Câmara dos Deputados

“Aprovar projeto não depende de mim, depende do toma lá dá cá, que não é negócio de dinheiro, é: tu apoia o meu projeto que eu apoio o teu, é assim que funciona aqui”, analisou Tiririca, que ressaltou que, no caso dele, troca de cargos e emendas estão descartadas.

“Eu quero que ele me diga o que é a política nova. Qual é a política nova que eu não sei qual é. Ou ele faz isso que ele fez, e teve que recuar com o negócio das armas, já teve várias derrotas aqui, ou faz a política que é política, não é negócio de esquema de dinheiro”, continuou o parlamentar, que enfatizou: “É troca de favores. Tem que existir, cara, tem que existir troca de favores. Não é negócio de dinheiro, meu irmão, é diálogo, diálogo.”

No final da entrevista, Tiririca ainda disse que não considera o presidente um “cara popular”. “Tiro o chapéu para a assessoria e os marqueteiros dele, pois ele não é um cara popular e não tem ideias populares”, cravou o deputado.

Quinto mais votado da última eleição, Tiririca havia desistido da candidatura no fim de 2017 por se dizer “decepcionado com a Câmara”, mas desistiu da desistência e, em agosto, se lançou oficialmente na disputa do pleito com um adendo: quer voltar às tribunas para poder disputar a presidência em 2022.

Antes de virar político, Tiririca era conhecido por suas roupas coloridas e piadas em programas de televisão.

O histórico de Tiririca no cenário político

Francisco Everardo Oliveira Silva, conhecido pelo nome artístico Tiririca, é cantor, compositor e  humorista.

Filiado ao PL, Tiririca é o terceiro deputado mais votado em toda a história do Brasil, atrás apenas de Enéas Carneiro e Celso Russomano.

Em foi eleito pelo Estado de São Paulo com 1.348.295, o que representa 6,35% votos. Sua primeira campanha e eleição foram marcadas por polêmicas. Utilizou bordões como “O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto” e “Pior do que tá não fica, vote Tiririca”.

Na ocasião, Tiririca foi apontado como analfabeto pela Revista Época, condição essa que impediria uma candidatura. Acusado de falsificação, confessou que não escreveu a declaração de escolaridade de próprio punho, como exige a legislação eleitoral, mas teria sido ajudado por sua mulher. Depois, foi submetido a testes de leitura e escrita em audiência na Justiça Eleitoral (1ª Zona Eleitoral de São Paulo). Durante o teste, leu o título e o subtítulo de duas páginas de um jornal. Também foi submetido a um ditado, de trecho do livro “Justiça eleitoral – uma retrospectiva”.

Tiririca. Foto: Divulgação
Tiririca. Foto: Divulgação

Em 2013 em um artigo da revista Financial Times, cujo título era “O palhaço brasileiro perdeu o sorriso” (Brazil’s clown loses his smile), revelou estar decepcionado com a atuação da casa onde trabalha: “Você passa o dia inteiro fazendo nada, só esperando para votar alguma coisa enquanto as pessoas discutem e discutem”.

No ano seguinte, voltou a se candidatar à Câmara Federal, pelo mesmo partido, o PR. No seu horário eleitoral, imitou o cantor Roberto Carlos e foi reeleito com 1.016.796 votos, 336.970 a menos.

Em 6 de dezembro de 2017, chegou a anunciar que deixaria a vida pública. Em seu primeiro discurso na Câmara dos Deputados, ele disse que o motivo da sua decisão era a vergonha que sentia por causa da sua participação durante anos na política e no parlamento.

Ele afirmou que viu acontecimentos vergonhosos no Congresso, mas assegurou que não pretendia generalizar e que nunca iria falar mal dos ex-colegas. Também pediu que os deputados tivessem mais atenção com o povo e declarou que foi vítima de preconceito devido à sua condição de palhaço profissional. Tiririca concluiu assegurando que saía de cabeça erguida, mas que muitos dos deputados que o ouviam não teriam coragem para tanto. Porém, desistiu, e em 4 de agosto, anunciou oficialmente que concorreria a reeleição.

Comentários

 




    gl