Sessão encerrada: Wilson Witzel abandona CPI sem concluir depoimento

Wilson Witzel. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, deixou a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 na tarde desta quarta-feira (16) após ser questionado por senadores governistas.

Witzel utilizou do habeas corpus conseguido no Supremo Tribunal Federal ( STF ) para se ausentar da oitiva. A decisão foi comunicada ao presidente da Comissão, o senador Omar Aziz, que encerrou a sessão.

Quando Witzel pediu para sair da sessão, o depoimento dele já durava mais de quatro horas.  Minutos antes de acionar o habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, o ex-governador havia batido boca com o senador governista Jorginho Mello.

Ao deixar a comissão, Witzel agradeceu aos senadores e disse que quer contribuir no futuro: “Agradeço a oportunidade, agradeço as perguntas, e tenho certeza que muito tempos a contribuir futuramente”.

Witzel foi afastado do mandato e depois sofreu impeachment no ano passado. Ele é réu em processo que apura corrupção e lavagem de dinheiro. O caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Depoimento

Em seu depoimento, o ex-governador falou que o governo federal não cedeu leitos de hospitais do Rio de Janeiro durante a pandemia e “sabotou” os hospitais de campanha.

“O que agravou a situação da pandemia, foi não me entregar os leitos. E, detalhe, os leitos tão fechados, mas se nós analisarmos a verba que vai para o Rio de Janeiro, ela não mudou, salvo o engano, é algo em torno de 3 bilhões de reais. O dinheiro vai para o Rio de Janeiro e os hospitais estão fechados. Esses leitos não estão abertos e o dinheiro indo para lá. Com a quebra de sigilo, pode-se chegar à conclusão de quem é o beneficiado pelo dinheiro que está sendo desviado nesses hospitais federais do Rio de Janeiro”, disse Witzel.

Wilson Witzel na CPI da Covid-19. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

De acordo com o depoente, se o governo federal tivesse colocado só os hospitais ligados ao Ministério da Saúde, fora os hospitais universitários – que vários deles estão também com leitos desativados – à disposição, a demanda por leitos em hospitais de campanha teria caído pela metade. “Não deram os leitos e ainda sabotaram os hospitais de campanha”, afirmou.

Ele também afirmou que sofreu retaliações do Governo Federal e do presidente por se opor a ele. Ele citou inclusive o ex-ministro Sérgio Moro, que teria dito que Witzel deveria parar de falar de sua intenção de ser presidente do Brasil porque Bolsonaro não gostava e que passou a sofrer retaliação do governo após ser acusado de interferência na Polícia Civil do Rio de Janeiro por causa das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

“O Governo Federal, e o próprio presidente, começou a me retaliar. Eu não fui recebido mais no Palácio Planalto e tive dificuldades para falar com os ministros para ser atendido. Eu encontrei o ministro [Paulo] Guedes (Economia) no avião e fui falar com ele, mas ele virou a cara e saiu correndo, ‘não posso falar com você'”, contou Witzel.

Wilson Witzel afirmou que o governo “deixou os governadores à mercê da desgraça que viria” na pandemia e que Bolsonaro criou o discurso de perseguição aos governadores por ser contra as medidas de distanciamento social.

O ex-governador disse também que Jair Bolsonaro não tem diálogo com os governadores e que o auxílio emergencial demorou a começar a ser pago, o que dificultou a adoção de medidas contra o vírus.

A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com o desabastecimento de oxigênio hospitalar, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

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