SBT volta à ditadura com slogan: ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’

Segunda maior emissora do Brasil em audiência, o SBT começou a exibir em sua grande de programação nesta terça-feira (6) uma série de vinhetas de tom nacionalista, em apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro.

Em uma das chamadas, depois de apresentar imagens de pontos turísticos do país, a voz oficial da emissora, o locutor Carlos Roberto, anuncia: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Em outras vinhetas, as frases que encerram são diferentes: “Brasil de encantos mil”, “Pra frente Brasil” e “Eu te amo, meu Brasil” foram algumas das mensagens exibidas até o momento.

“Pra molecada que não sabe, o slogan ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’ era usado pelos militares para justificar a repressão aos movimentos sociais contrários a ditadura. Parece que 1964 é logo ali”, escreveu em tom de protesto o jornalista William De Lucca no Twitter.
https://twitter.com/limaalef/status/1059869896941752320?ref_src=twsrc%5Etfw

O resgate da frase, que se tornou popular durante a Ditadura Militar entre 1964 e 1985, gerou críticas nas redes sociais. Este slogan surgiu durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, entre 1969 e 1974, período conhecido como “Anos de Chumbo”, em que os governantes tinham o poder de punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados.

Apenas no período do governo Médici, 98 pessoas foram mortas por motivações políticas, segundo a CNV CNV (Comissão Nacional da Verdade). No total, 180 presos políticos foram assassinados durante a Ditadura Militar.

Segundo publicação do site “Notícias da TV” do Uol, uma fonte que tem um cargo alto na emissora relatou que a vinheta foi uma ordem do próprio Silvio Santos.

Vale lembrar que durante a Ditadura Militar, a emissora paulista transmitia o programa semanal “A Semana do Presidente”, um boletim que valorizava viagens e feitos do homem mais poderoso do Brasil à época. Críticas não eram aceitas.

“É bom lembrar que Silvio Santos ganhou a concessão do general Figueiredo depois de puxar-lhe o saco e criar o quadro chamado O Dia do Presidente, desbancando as favoritas Abril e JB”, disse o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva.

Procurada pela publicação, o SBT limitou-se a dizer, através de sua assessoria, que não irá se pronunciar por questões estratégicas.