O governo de São Paulo alertou o Ministério da Saúde para o risco de desabastecimento de medicamentos necessários à intubação de pacientes nas próximas 24 horas, caso os estoques não sejam repostos.
Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de São Paulo”, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, teria enviado nove ofícios nos últimos 40 dias alertando a pasta sobre o baixo nível dos estoques, mas não obteve resposta.
“A situação de abastecimento de medicamentos, principalmente daqueles que compõem as classes terapêuticas de bloqueadores neuromusculares e sedativos está gravíssima, isto é, na iminência do colapso, considerando os dados de estoque e consumo atualizado pelos hospitais nesses últimos dias”, diz Gorinchteyn no documento.
Ainda segundo a reportagem, Gorinchteyn afirma que não obteve retorno dos pedidos de reposição dos estoques, apesar de formalizar “reiteradamente” as solicitações dos medicamentos. O secretário afirma ainda que “a partir dos próximos dias” faltará medicamentos, caso nada seja feito.
O secretário destaca, ainda, que “o Ministério da Saúde manteve o Estado de São Paulo durante 6 (seis) meses sem fornecimento de qualquer quantidade de medicamentos provenientes das requisições administrativas realizadas”, além de não explicar “qual o critério adotado para definir a distribuição dos milhões de unidades farmacêuticas requisitadas, face ao quantitativo ínfimo enviado ao Estado de São Paulo”.
A mesma situação se repete em Mina Gerais. Na última semana, o governador Romeu Zema chegou a alertar que algumas regiões mineiras só possuíam estoques do produto para até dois dias. “Estamos correndo risco de pacientes intubados acordarem por falta de sedativos e isso não pode ocorrer de forma nenhuma”, declarou na ocasião.
Uma das causas do agravamento do problema, segundo Zema, é que o teria requisitado toda a produção industrial desses medicamentos.
O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, afirmou que mais de 1.200 municípios do país relataram falta de insumos e medicamentos.
Para ele, o problema está acontecendo também por culpa do governo federal, que teria se negado a comprar, em setembro, os itens para o chamado kit intubação. Na época, segundo Donizette, o Executivo federal alegou aumento de 10% nos preços. Porém, agora, com o agravamento da crise, o kit intubação aumentou quase 1.000% no mercado.
“As dificuldades vão se multiplicando. Na virada do ano, é como se a pandemia tivesse deixado de existir para o governo. Os municípios ficaram praticamente sozinhos”, ressaltou.
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