Saiba quem é Marconny Faria, lobista acusado de fugir da CPI da Covid-19

Marconny Ribeiro de Faria. Foto: Reprodução/Facebook

Acusado de fugir de depoimento à CPI da Covid-19, Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria é apontado como lobista influente, com bom trânsito no Ministério da Saúde, e de laços estreitos com parentes e pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro.

Pela atuação na intermediação de vendas de insumos a diferentes órgãos públicos, o lobista tornou-se alvo de investigações e entrou no radar da comissão que apura ilicitudes envolvendo ações do governo federal para o enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus.

O nome de Marconny surge publicamente pela primeira vez durante fase Operação Hospedeiro, do Ministério Público Federal (MPF) do Pará. Na ocasião, a procuradoria-geral do estado cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do lobista, o que resultou na apreensão do celular dele.

Como resultado das apurações, os agentes identificaram, no aparelho telefônico, uma série de mensagens trocadas pelo investigado com outros alvos das autoridades. Entre os contatos analisados, consta Ricardo Santana, um dos presentes no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, em que, supostamente, negociou-se a cobrança de propina por doses de vacinas que viriam a ser vendidas ao Ministério da Saúde pela Davati Medical Supply.

Faria teria conhecido Santana em um jantar na casa da advogada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Karina Kufa, que também entrou na mira da comissão. Ela já foi convocada para depor.

O material obtido junto ao telefone dele também aponta que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, tentou conseguir uma indicação a instituto ligado ao Ministério da Saúde. Na oportunidade, a ex-companheira de Bolsonaro pediu que a nomeação fosse posta “na conta de Renan”, em referência a Jair Renan, filho 04 do mandatário do país.

As mensagens ainda mostram que o lobista ajudou Jair Renan a criar a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. Os diálogos foram enviados à CPI da Covid-19 pela Procuradoria Regional do Pará, depois que os investigadores daquele estado, que apuravam a influência do lobista em uma indicação para órgão público, viram que Marconny havia sido citado nas negociações da Precisa Medicamentos.

De acordo com as conversas, o lobista e Jair Renan começaram a tratar do tema no dia 17 de setembro de 2020. Marconny chamou o filho do presidente para resolver a questão do contrato dele. Cinco dias depois, Marconny Faria pediu ao advogado William de Araújo Falcomer dos Santos que lhe enviasse a localização do escritório para dar a Jair Renan — e recebeu um “já mando” como resposta.

Em 11 de outubro, o lobista mandou uma reportagem sobre a inauguração da empresa de Jair Renan para William, que respondeu: “Fui lá ontem. Tava legal”. Três dias depois, William disse: “Renan veio aqui hj. Fiz o certificado. Conversamos algumas coisas”. E Marconny respondeu: “Coisa boa”. Em seguida, o advogado disse: “Amanhã ele assina a abertura da primeira empresa dele”.

Lobista da Precisa

O nome de Marconny voltou ao radar da CPI após a Controladoria-Geral da União ter apontado evidências de tentativa de interferência do lobista no processo de chamamento público para contratação direta de 12 milhões de testes de Covid-19, com a ajuda de Roberto Dias, para beneficiar a empresa Precisa Medicamentos.

“As mensagens reforçam as suspeitas sobre a atuação de Roberto Dias no Ministério da Saúde e deixam claro existir de fato um mercado interno na pasta que busca facilitar compras públicas e beneficiar empresas, assim como o poder de influência da empresa Precisa Medicamentos antes da negociação da vacina Covaxin”, destacou o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues, no requerimento que resultou em sua convocação para depor.

Os diálogos ainda trazem menções de Marconny a Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos e sócio da empresa Primarcial Holding e Participações, e sobre a necessidade de desidratar uma empresa concorrente, chamada Bahia Farma. A Primarcial funciona no mesmo endereço da Primares Holding e Participações, que é outra empresa de Francisco Maximiano, sócio da Precisa.

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