Rodrigo Maia: ‘Bolsonaro perderá popularidade se prorrogar auxílio e imitar Dilma’

Rodrigo Maia. Foto: Reprodução de Internet

Rodrigo Maia. Foto: Reprodução de Internet

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu o teto de gastos e rejeitou a possibilidade de estender o estado de calamidade pública para que o auxílio emergencial tenha novas parcelas em 2021. Segundo Maia, caso o governo decida ampliar o auxílio e seguir o caminho de gastar para além do teto, o presidente Jair Bolsonaro poderá pagar com sua popularidade, assim como a presidente Dilma Rousseff.

O presidente da Câmara defendeu a suspensão de auxílios por tempo determinado e a revisão de despesas no Orçamento da União, inclusive das Forças Armadas, para a construção do programa de transferência de renda, chamado agora de Renda Cidadã.

Em uma transmissão na internet para a XP Investimentos, neste sábado (17), Maia chegou a citar a existência de R$ 200 milhões em despesas das Forças Armadas que poderiam ser cortadas, sem especificar a que gastos se referia. O deputado é defensor do teto de gastos e crítico de manobras para burlar o teto, aventadas para a construção do novo programa social.

“Vamos ter de fazer alguns sacrifícios. Todos os brasileiros terão de fazer algum sacrifício. A Câmara foi o poder que menos aumentou as despesas. Alguns auxílios podem ser suspensos por um tempo, as Forças Armadas tem despesas de R$ 200 milhões (que poderiam ser alteradas), não sei se ajudaria muito… Há 17, 18 itens no Orçamento que podem ser mexidos para encontrarmos os R$ 30 bilhões necessários para a construção de um novo programa”, afirmou.

Sem citar nomes, o presidente da Câmara afirmou ter sido procurado por um ministro do governo de Jair Bolsonaro com uma proposta para resolver o problema: “Outro dia teve um ministro importante que me procurou, falou que vão tirar dos ricos para dar aos pobres. Eu disse a ele que os ricos não estão no Orçamento”.

No evento, ele disse que está descartado prorrogar o estado de calamidade pública, decretado em razão da pandemia da Covid-19, assim como da chamada PEC do Orçamento de Guerra, que permitiu a criação e a execução de despesas em condições fiscais diferenciadas. A calamidade pública se encerra em 31 de dezembro.

Segundo Maia, o governo Bolsonaro pode perder popularidade de forma expressiva caso aposte em gastos para além do teto. O deputado afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff viveu essa situação quando inflou despesas como o Programa de Financiamento Estudantil (Fies).

“Ainda temos metade do mandato. Se isso acontecer, o governo vai pagar com a perda de sua popularidade . E não demora muito esse impacto. No caso de Dilma, foi de 2014 para 2015. Quem paga a conta é sempre a popularidade do presidente. Despesas muito populares não resolveram a popularidade do presidente”, garantiu.

Rodrigo Maia voltou a dizer que não é candidato à reeleição ao cargo de presidente da Câmara — a disputa ocorrerá em fevereiro de 2021 — e criticou a disputa pelo comando da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso, travada por partidos do Centrão.

“A gente perde tempo nessa bolha de Brasília. Esse debate da CMO mostra que vivemos numa grande bolha. Precisamos de um programa de transferência de renda, e a gente numa bolha discutindo quem comanda a CMO”, lamentou.

O deputado defendeu ainda que se faça a reforma tributária e disse que não entra na discussão sobre a criação de um novo imposto, enquanto o governo não enviar um texto ao Congresso: “Eu antecipar esse debate é criar divergência com (Paulo) Guedes. Já prometi que até 1º de fevereiro não vou brigar com Paulo Guedes. Esse meu conflito com ele estava gerando mais insegurança aos atores econômicos”.

Mais cedo, no Twitter, Maia escreveu que prometeu a investidores a não prorrogação do estado de calamidade para 2021 e disse que, apesar do orçamento apertado, a Casa também não permitirá o rompimento do teto de gastos:

“Hoje, conversando com investidores, deixei bem claro que a Câmara não irá, em nenhuma hipótese, prorrogar o estado de calamidade para o ano que vem. Soluções serão encontradas dentro deste orçamento, com a regulamentação do teto de gastos. A gente já viu que ideias criativas, em um passado não tão distante, geram desastres econômicos e impactam a vida das famílias brasileiras. Eu, como primeiro signatário da PEC da Guerra, não posso aceitar que ela seja desvirtuada para desorganizar o nosso Estado, a economia. Sabemos que o orçamento ficou muito apertado pela queda rápida da inflação, mas este é um dado da realidade. O importante é ressaltar que não há caminho fora do teto de gastos”.










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