Rio segue com a segunda edição da Cidade PCD

A 710 metros do nível do mar, o Cristo Redentor é um dos monumentos iluminados de azul para marcar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 3 de dezembro. A ação faz parte da Semana Cidade PCD, maior evento de inclusão, acessibilidade, orientação e mobilidade do estado do Rio de Janeiro que comemora a sua segunda edição carioca. A programação segue com números de dança de salão e samba apresentados por pessoas com deficiência em cinco estações do Metrô nesta quarta e quintas-feiras, 5 e 6, a partir das 17h. Na sexta-feira, 7, começa a Feira Cidade PCD, que vai até domingo, 9, no Centro de Convenções SulAmérica, com participação da Prefeitura do Rio divulgando alguns dos serviços e políticas públicas voltadas ao universo da pessoa com deficiência (PcD) ou mobilidade reduzida.

Na abertura oficial da semana realizada no Cristo Redentor iluminado em azul, cor símbolo PcD, e com shows e bênçãos do Padre Omar, quatro personalidades comprometidas com a causa foram reconhecidas por suas ações com o prêmio Agir PCD, do site Universo PCD. Entre os homenageados estão o medalhista paralímpico Anderson Lopes, integrante da comissão de atletas e militante da causa da PcD; e o subsecretário da Pessoa com Deficiência do Rio, o advogado Geraldo Nogueira. Cadeirante e ativista de lutas pelos direitos da pessoa com deficiência por meio de políticas públicas, ele lembrou os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ressaltando o quão recente e frágil é o reconhecimento das necessidades das pessoas com deficiência.

– Recebo esse prêmio em nome das pessoas que estão agindo no anonimato, atuando em abrigos e em situações precárias, e também em nome das pessoas próximas a nós que, com apoio de instituições, fazem de alguma forma a vida ser melhor pra gente. Deveríamos ter mais eventos como a Cidade PCD, que possibilita a pessoas com deficiência se atualizarem sobre novas tecnologias e ações em prol do segmento. Nessa segunda edição, a feira vai agregar valor de confiabilidade aos expositores, apoiadores e visitantes, dando mais visibilidade a esse importante nicho de mercado como propulsor da economia local. Ela também possibilita a pessoas com deficiência se atualizarem sobre as novas tecnologias e ações em prol do segmento – disse o subsecretário Geraldo Nogueira.

Além do Cristo, o azul símbolo da pessoa com deficiência segue iluminando, até o dia 9, pontos como o Maracanã, Catedral do Rio, fachada do Copacabana Palace, AquaRio, Igreja da Penha, Arcos da Apoteose no Sambódromo e até o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói. Palestras, terapias, balcão de empregos, shows, veículos adaptados e competições esportivas são algumas das atividades dos três dias da feira que pode ser visitada das 10h às 19h, oferecendo acesso guiado em ruas do entorno e interior, praça de alimentação, ambiente climatizado e banheiros adaptados. Toda a programação está no site www.universopcd.com.br .

Parceiros – Organizada pela revista e o site Universo PCD, a edição 2018 conta com parceria do Senac e do Sesc. Como no lançamento em 2017, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, a Prefeitura do Rio participará dos três dias da feira divulgando alguns de seus projetos no segmento, como o equipamento com dispositivo sonoro da CET-Rio que auxilia a travessia de cegos e orientações para a retirada de documentos e obtenção do RioCard (passe especial). Esses e outros serviços poderão ser conferidos no estande coordenado pela Subsecretaria da Pessoa com Deficiência (Subpd), que manterá profissionais da Central Carioca de Intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) à disposição do público e garantiu a presença da artista plástica Ana Paula Rocha, que participará de novo com suas telas em alto relevo, facilitando a integração de cegos com a arte.

A Guarda Municipal do Rio apresentará agas Especiais – Em maio de 2017, a GM-Rio passou a fiscalizar o uso indevido de vagas de idosos e pessoas com deficiência em estacionamentos de uso coletivo, como shoppings e supermercados. A ação foi reforçada por campanha de conscientização em parceria com a Subsecretaria da Pessoa com Deficiência (SUBPD). Em 2017, a fiscalização levou a aplicação de 2.316 multas. Neste ano, até o início de novembro, foram registradas 1.201 multas para flagrantes de estacionamento irregular nas vagas.

Utilização do aplicativo Hugo – No mês de setembro de 2018, guardas municipais do Rio passaram a utilizar o aplicativo gratuito “Hand Talk Tradutor para Libras”, mais conhecido como Hugo, nome dado ao personagem que faz a tradução para a Língua Brasileira de Sinais. A iniciativa visa facilitar a comunicação dos guardas municipais com pessoas surdas. A data para o lançamento foi escolhida por ser o Dia Nacional do Surdo e da Luta pela Inclusão.

Em nota publicada no boletim interno da Guarda Municipal do Rio, a Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico autorizou o download e a utilização do aplicativo nos smartphones funcionais, usados pelo efetivo como ferramenta para auxiliar o trabalho operacional. O aplicativo foi escolhido por ser fácil e de rápido entendimento, visto que faz a tradução automática de texto e voz para Libras, sendo também fácil de ser instalado.

Esta é mais uma iniciativa da GM-Rio para atender à população carioca e aos visitantes que têm algum tipo de deficiência. No ano passado, a GM-Rio também regulamentou o Manual de Tratamento e Abordagem a Pessoas com Deficiência, que passou a integrar os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), documentos normativos com orientações para auxiliar guardas nas ações nas ruas, em tomadas de decisão que exigem pró-atividade e conhecimento da legislaçãoo Showdog, com ações também usadas na cinoterapia, terapia com cães implantada em 2005, suspensa em 2009 pelo governo passado e retomada pela atual gestão em 2017, com crianças atendidas na Apae. Esse ano o projeto foi estendido a 200 idosos do Abrigo Cristo Redentor. Haverá ainda ações das Secretarias municipais de Educação e de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, que nos últimos dois anos captou mais de 18 mil vagas e realizou 5.194 encaminhamentos que resultaram em quase 700 pessoas empregadas.

Esportes e negócios – Durante os três dias, o Centro de Convenções SulAmérica será também palco da final do Campeonato Estadual de Basquete para cadeirantes. Entre as atividades esportivas, haverá disputas de vôlei sentado, tênis em cadeira de rodas e bocha. Comercialização de cadeiras de rodas, próteses e órteses e produtos de tecnologia assistiva em geral estão no cardápio de negócios da feira, que terá demonstrações de outros tratamentos, como a equoterapia com cavalos da Polícia Militar. Profissionais de áreas como saúde, educação, tecnologia e jurídico prestarão orientações, oferecendo oficinas como as de dança de salão e pintura com a boca. Carros adaptados estarão disponíveis para testes com consultores do Detran, e especialistas na Lei Brasileira de Inclusão (LBI) vão esclarecer dúvidas e explicar detalhes sobre a isenção de impostos para a compra de veículos e retirada da Carteira de Habilitação especial.

– A importância de um evento como este vai além de atender a necessidades específicas das pessoas com deficiência, pois são direitos garantidos por lei. Pensar num mundo mais inclusivo e acessível deve ser do interesse de todos. Até porque pessoas com mobilidade reduzida, como gestantes, pessoas com criança de colo ou carrinho de bebê e idosos, também são beneficiadas se tivermos uma cidade mais acessível – destaca Denis Deli, um dos coordenadores do evento que em 2017 teve 11 mil visitantes, número que pode aumentar em até 50% esse ano.

SERVIÇO DA FEIRA

Evento: Sesc e Senac apresentam Cidade PCD

Data: dias 7, 8 e 9 de dezembro, das 10h às 19h

Local: Centro de Convenções SulAmérica – Av. Paulo de Frontin, 1, Cidade Nova, RJ

* Entrada franca

Flash mob, dança de salão e samba

são destaques na agenda da semana

Com similar apenas em São Paulo, a Feira Cidade PCD deste ano começou, literalmente, nas ruas do Rio, com atividades como o flash mob, que reuniu na segunda-feira, dia 3, mais de 200 cadeirantes e outras pessoas com deficiência no Largo da Carioca, no Centro. Com ansiedade e, ao mesmo tempo, brilho no olhar, eles disputaram partidas de basquete adaptado e apresentaram shows de música, dança de salão, jazz e samba, ganhando aplausos de quem passava pelo local. Participaram alunos da Associação Nacional de Deficientes Físicos (Andef), da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) São Gonçalo, projeto Arte de Dançar, grupo Corpo e Movimento e Academia Fabio Silva.

“Tudo é novidade e sempre uma vitória para os dançarinos, independentemente do prêmio. Para mim, o evento é um marco em minha carreira. Foi mesmo especial coreografar um flash mob, o primeiro para a nossa equipe. Isso não tem preço”, comentou o coreógrafo no evento animado pelo show do saxofonista Carlinhos Santana, que é cadeirante, com Dennys Brown no baixo, e Nildo Ribeiro, na guitarra.

Nesta terça-feira, 4, segundo dia da Semana PCD, o palco para as atividades especiais foram três estações do Metrô. Na Siqueira Campos, em Copacabana, o cantor cadeirante Andrezinho Carioca animou passageiros com números de samba até 20h. Já nas estações Carioca, no Centro, e General Osório, em Ipanema, o som ficou por conta do grupo de dança de salão Carioca Sobre Rodas.

Os shows continuam nas mesmas estações nesta quarta, 5, das 17h30 às 20h. Já na quinta, dia 6, o cantor Andrezinho estará na estação Maria da Graça, na Zona Norte. Para encerrar com chave de ouro as apresentações no Metrô, o grupo Carioca Sobre Rodas estará com cinco casais de dançarinos em frente a Central do Brasil, no Centro, para uma apresentação de tirar o fôlego que começa às 17h30.

Números da deficiência – Segundo dados do último Censo do IBGE de 2010, 25% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, o equivalente a 45 milhões de pessoas. Somente no estado do Rio são quatro milhões entre os quase 17 milhões de habitantes. Os motores que movimentam este setor fazem circular por ano R$ 700 milhões nos municípios fluminenses, com o estado sendo o segundo maior mercado do segmento no país.