Cláudio Castro quer anular delação; ele é acusado de receber propina de R$ 100 mil

Governador Cláudio Castro quer anular delação onde é acusado de receber propina. Foto: Reprodução de Câmera de Segurança

Governador Cláudio Castro quer anular delação onde é acusado de receber propina. Foto: Reprodução de Câmera de Segurança

A desembargadora Maria Augusta Vaz Monteiro de Figueiredo votou contra os pedidos de anulação de um acordo de delação premiada que acusa, por suposto pagamento de propina, o governado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

Candidato à reeleição neste ano, Castro é alvo da Operação Catarata. A ação investiga possíveis desvios em contratos da Fundação Leão XIII, órgão subordinado à vice-governadoria do estado do Rio.

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Os advogados de defesa do governador entraram com o pedido para anular a delação, fechada entre o Ministério Público e Bruno Campos Selem, sob alegação de que houve irregularidades na colaboração de Selem, justificando que os depoimentos dele foram tomados sem serem gravados ou registrados.

Bruno Campos Selem

Bruno foi funcionário da Servlog, empresa que detinha contratos com a Fundação Leão XIII quando Castro era vice-governador. Na ocasião, delatou ao Ministério Público que, durante um encontro, em 2019, Castro recebeu R$ 100 mil em espécie, das mãos de Flavio Chadud, na sede da empresa

O julgamento do pedido ainda não foi concluído. Dois desembargadores pediram vista do processo e nova audiência vai ser marcada para julgar o pedido do governador.

Propina

No depoimento de Bruno Selem, de 29 de julho de 2019, véspera da prisão dele e de Flávio Chadud na Operação Catarata, Cláudio Castro foi até o escritório da Servlog, no Shopping Downtown, e teria, então, recebido das mãos de Chadud o pagamento de propina.

O delator contou aos investigadores que “não viu a entrega do dinheiro, mas tem certeza que tal fato ocorreu, pois na manhã daquele mesmo dia Flávio Chadud perguntou a ele qual era o valor total líquido das notas fiscais recebidas pela Servlog e pagas pela Fundação Leão XIII, com o claro objetivo de calcular o valor da propina”. E segue afirmando que “também tem certeza da entrega da propina para Cláudio Castro no dia 29 de julho, pois o próprio Flávio Chadud disse ao depoente, quando estavam presos, na mesma cela em Benfica (presídio), que o pagamento havia sido feito na véspera, sendo que o depoente presenciou Flávio e Cláudio Castro sozinhos dentro da sala”.

Em 2020, o canal pago GloboNews teve acesso aos vídeos do encontro em que, segundo o delator, registram a ocasião em que Claudio Castro teria recebido os R$ 100 mil em propina. Não era um evento público e a visita não consta da agenda oficial.

Às 9h26, Castro espera o elevador. Em seguida, entra em cena o empresário Flávio Chadud, dono da Servlog Rio. Os dois sobem juntos em direção à sede da empresa. A operação foi deflagrada no dia seguinte.

No relatório da polícia, os investigadores afirmam que “da análise cronológica das imagens, é possível estabelecer que Bruno Selem esteve no local em que afirmou ter sido realizado pagamento de propina por Flávio a Cláudio Castro, sendo certo que Bruno pode ser visto chegando ao local, aproximadamente seis minutos após Flávio Chadud e Cláudio Castro chegarem ao local e, aproximadamente, uma hora antes de Flávio Chadud e Cláudio Castro deixarem o local, por volta de 10h33”.

Os investigadores ainda dizem que “às 10h34 é possível visualizar que Cláudio Castro cumprimenta discretamente Flávio Chadud com um toque nas mãos”.

Questionamento da Delação

Os advogados do governador sustentam que a delação de Bruno Selem é irregular e “que nos dias 12, 14 e 18 de novembro de 2019 foram tomados os depoimentos do colaborador Bruno Selem, sem qualquer tipo de gravação audiovisual ou registro diverso” e acrescentam que “ao não gravar os depoimentos, o Ministério Público levantou suspeitas e dúvidas em relação à transparência, fidelidade e voluntariedade da delação”.

“O delator ainda opera de forma parcial porque visa os benefícios legais do acordo e, nessa condição, o colaborador realiza imputações específicas criminais ao delatado”, reitera a defesa do governador.

A defesa do delegado aposentado Mario Chadud, pai de Flavio Chadud, também quer anular a delação. Mario foi preso na segunda fase da Operação Catarata, em 2020, acusado de atrapalhar as investigações.

Já o Ministério Público argumenta que a gravação de uma delação só passou a ser obrigatória a partir de janeiro de 2020, ou seja, depois dos depoimentos de Bruno Selem.

Em nota, o governador Cláudio Castro afirmou que “a delação não cumpriu os requisitos exigidos pela lei. O delator está sendo processado por calúnia e denunciação caluniosa. Castro reitera que confia na Justiça e aguarda que os fatos sejam esclarecidos o mais rápido possível”.

A defesa do delator Bruno Selem disse que os requerimentos não são cabíveis e que vai tratar do assunto nos autos. O empresário Flávio Chadud informa que “não é possível se manter uma colaboração quando o principal acusador interpreta um personagem e revela total desconhecimento, ao ler um texto previamente preparado”. A reportagem com a denúncia é de Marcelo Bruzzi, para o RJTV, da Rede Globo.

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