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Especialistas explicam fracasso da política de Segurança Pública de Cláudio Castro

A política de Segurança Pública do Rio de Janeiro hoje é o principal problema do Estado. A estratégia do governador Cláudio Castro voltada para o confronto bélico, que acaba em mortes de inocentes com as “balas perdidas”, é considerada falida e criticada pelas consequências desastrosas.

O SRzd foi buscar explicações para o que está acontecendo com estudiosos e especialistas para saber como resolver o impasse que aflige o cidadão fluminense, e que compromete a imagem do Brasil no exterior. Para o cientista político Pedro Villas Boas, “a política de Segurança Pública do Governo Cláudio Castro se orienta pelo modelo falido de ‘guerra às drogas’, ‘guerra ao crime’, o que revela uma concepção bélica que busca converter o criminoso em inimigo e as incursões às comunidades pobres superpopulosas em operações marciais. O resultado é conhecido pela sua ineficácia e elevada letalidade, a exemplo do que ocorreu em maio de 2021, no Jacarezinho”.

A estratégia do Governo Castro se alicerça no princípio bélico do confronto, o que sempre resulta na hecatombe da produção de mortes em série de inocentes.

As consequências na ação policial no Jacarezinho, como explica Villas Boas ao SRzd, foram desastrosas. “A batizada Operação Exceptis foi de encontro à decisão do STF que proibia as operações policiais em comunidades pobres, já castigadas pela falta de infraestrutura e pela pandemia. Na operação policial do Jacarezinho, que resultou nos maiores números de mortes da história do Estado do Rio de Janeiro, a maioria dos mortos não estava entre os destinatários de mandados de prisão”, explicou.

A política de confronto, no entanto, faz parte de como é estruturada a Segurança Pública. “A estratégia do Governo Castro se alicerça no princípio bélico do confronto, o que sempre resulta na hecatombe da produção de mortes em série de inocentes. Não há inteligência, investigação e cooperação à altura da necessidade para desarticular as facções violentas ligadas a redes criminosas de escalas interestaduais e internacionais que as mantêm. A estratégia belicista do confronto armado, que somente ocorre em comunidades superpopulosas pobres, como sabemos há quase cinco décadas, só alimenta a espiral da violência que resulta na morte de inocentes, o que é uma catástrofe para o Estado e o país”.

Operação policial no Jacarezinho, em 2021. Foto: Reprodução/TV Globo

Para o sociólogo José Ignácio Cano, por sua vez, o governador “não tem uma política de segurança muito clara”. “O Cláudio Castro tem uma estratégia múltipla, quase esquizofrênica. Por um lado, ele acena ao bolsonarismo, a grandes operações com muitas mortes, de bandido bom, bandido morto. Ele acena nessa direção. Ele foi eleito como parte da chapa do Witzel, dentro do movimento bolsonarista de 2018. Por outro lado, ele diz que está fazendo um plano de redução da letalidade, ele diz que lançou um programa de prevenção social, parecido com UPP. Então, ele joga em várias direções. Acho que ele não tem uma política de segurança muito clara e o que ele quer é a visibilidade para poder acenar para diversos setores”, disse.

O que vemos é uma política de extermínio realizada a partir das operações policiais que se concretiza em recorrentes chacinas e nenhuma mudança no quadro da segurança pública.

O SRzd ouviu ainda as pesquisadoras Monique Carvalho e Lia Rocha, da UERJ. Para elas, a garantia de direitos aos cidadãos não está contemplada na política de Segurança Pública do governo Cláudio Castro. “Ao que parece, não existe uma política de segurança pública para o estado do Rio de Janeiro que tenha como centralidade a garantia dos direitos de todos os cidadãos. O que vemos é uma política de extermínio realizada a partir das operações policiais que se concretiza em recorrentes chacinas e nenhuma mudança no quadro da segurança pública. A Rede de Observatórios da Segurança mostrou que em cinco anos ocorreram mais de 100 chacinas durante operações policiais. Esse tipo de estratégia, que já perdura no Estado há 40 anos, mas agora alcança seu ápice, já demonstrou ser não apenas ineficaz como impulsionadora de uma força policial que não tem apreço pela legalidade e pela correta aplicação da força, o que é uma grave ameaça para a democracia e a segurança dos cidadãos”.

Redação SRzd

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