Restaurante de Jandira Feghali terá ‘rolezinho’ no dia das eleições

Centenas de internautas estão organizando um “rolezinho” no restaurante da deputada federal e pré-candidata ao governo do Rio de Janeiro Jandira Feghali (PCdoB), localizado em Copacabana, na Zona Sul. Uma página no Facebook convidou 9.600 pessoas para participarem da manifestação no dia das eleições, 5 de outubro. Cerca de 1.400 já confirmaram presença.

Foto: Reprodução/ Facebook

O grupo critica o fato de uma política filiada a um partido de ideologia comunista ser proprietária de um estabelecimento comercial. “Que tal depois de votarmos irmos ao requintado restaurante de Jandira Feghali (PCdoB)? Será que ela vai se ater a sua ideologia comunista e dividir a sua comida com a gente ou será que ela vai ser capitalista e nos cobrar dinheiro em troca de refeições? Ah, essa esquerda caviar é ótima mesmo”, diz a descrição da página na rede social.

Outro evento agendado para o dia 30 de abril, com 966 pessoas confirmadas, propõe um “jantar popular” no local, com participação de liberais, libertários, conservadores, socialistas e também quem não se interessa por política. A deputada sempre se posicionou favorável aos “rolezinhos”, como ficaram conhecidos os encontros de grandes grupos de jovens em centros comerciais para protestar contra o consumismo, dançar, paquerar ou apenas se divertir.

Reprodução/ Facebook

A parlamentar abriu o restaurante árabe Líbano Rio Express em agosto do ano passado, com tradição de entrega em domicílio. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, R$ 400 mil foram investidos para o funcionamento do negócio. Jandira sinalizou que planeja abrir mais dois restaurantes este ano, ambos na Zona Sul. Ela tem uma sociedade com o irmão Ricardo Feghali, integrante da banda Roupa Nova, e o empresário Omar Peres, dono de outros restaurantes.

A página do Líbano Rio Express no Facebook também é tomada de críticas. Os internautas acusam Jandira de adotar uma postura incoerente com seu discurso político. Leia alguns comentários:

“Comunista tem desconto? Aceita débito no cartão bolsa-família?” – Marcelo C. Vng.

“Nossa, está muito cara a comida aí, hein! O valor da comida serve somente para esses capitalistas opressores, burgueses. O proletariado sem chances (risos)” – Cleuza Elias Maciel.

“Ouvi dizer que, em nome do comunismo, das classes menos favorecidas, é tudo de graça. É mesmo???” – José Bataglia

“Quando vão começar a chamar os mendigos para comer aí? Os menores abandonados? O MST? Falem pra gente, vocês não são comunistas? Quero ir aí comer de graça” – Marcio do Nascimento.

Em charge, internautas representam Jandira Feghali como bruxa oferecendo Coca-cola à jornalista Rachel Sheherazade, denunciada pela parlamentar à PGR após emitir um comentário considerado apologia ao crime em um telejornal. Foto: Reprodução/ FacebookMuitos criticam os preços do cardápio do Líbano Rio Express (Confira aqui os preços). O valor do refrigerante é o mais questionado (a Coca-Cola de dois litros sai por R$ 8,90).

O prato mais caro custa R$ 27,90, um combinado de homus, coalhada seca, babaganuche e chancliche acompanhado de dois pães árabes. Entretanto, há opções mais em conta, como as esfihas, vendidas por a partir de R$ 3,90, croassants, que saem por R$ 4,80, e promoções, como um combo com 4 quibes, 4 esfihas, refrigerante de dois litros, pasta e torrada, no preço de R$ 25,90.

 

ENTREVISTA: Jandira Feghali

Jandira Feghali. Foto: DivulgaçãoA deputada Jandira Feghali falou sobre as manifestações em entrevista ao SRZD. Leia a seguir.

SRZD: Você já está ciente do evento no Facebook, em que centenas de pessoas planejam organizar um ‘rolezinho’ no seu restaurante nas eleições deste ano? O que acha disso?

Jandira Feghali: Vi, sim, mas é estranho que o evento no Facebook com essa proposta seja formado a partir de pessoas que se reúnem em grupos que fazem apenas provocações, pregam ideias conservadoras, reacionárias e de baixo nível. Na minha opinião, estão se aproveitando do justo movimento do “rolezinho”. Recebo com bom humor, até porque eu não valorizo provocadores.

SRZD: Um dos discursos do criador do evento, tal qual dos confirmados, é de que é curioso uma deputada de um partido comunista ser dona de um estabelecimento que visa lucro na Zona Sul do Rio de Janeiro. Como você enxerga esse ponto abordado?

Jandira Feghali: Seria terrível e dramático, até pra não dizer trágico, se uma militante de um partido comunista tentasse ganhar dinheiro na política. Isso sim seria dramático. Sou chefe de família, cuido dos meus filhos, da minha vida pessoal e não misturo política com dinheiro. Abri uma microempresa num mundo absolutamente capitalista, onde o microempresário sofre bastante. Como microempresária na área da gastronomia – que é uma área cultural, onde também valorizo minha ascendência árabe – faço absoluta separação da minha atividade política da minha atividade econômica. Aliás, atividade que não depende de licitação, de tráfico de influência e de nenhuma relação com o poder público.

SRZD: Alguns membros do evento pensam em adiantar a data do ‘rolezinho’ para o domingo a seguir da decisão do Campeonato Carioca. Caso aconteça, como planeja lidar com a situação?

Jandira Feghali: Bom, eu não “planejo lidar com a situação”. Se ela se colocar de fato, estará posta e, como não possuo uma posição reacionária e preconceituosa, lidarei com tranquilidade e bom humor. Até porque os verdadeiros membros de um “rolezinho” não entram para roubar, nem para quebrar, nem pra usurpar bens dos outros. Se chegarem ao restaurante e quiserem se alimentar, terão um preço bastante acessível para isso. Aliás, é preciso avisá-los que precisarão se organizar em fila do lado de fora, exatamente porque o espaço é muito pequeno (risos).

SRZD: Que análise faz sobre os ‘rolezinhos’, iniciados por jovens da Classe C, e que ligação enxerga com os planos do evento no Facebook?

Jandira Feghali: Minha opinião na época do surgimento do movimento social foi bem clara. Todo “rolezinho” é uma forma de encontro que, inclusive, mantém os valores do consumo, de acesso a bens que a classe média e outros podem ter acesso. Os jovens escolhem pontos de consumo para fazer um encontro entre eles, paquerar, serem vistos. Não vejo o “rolezinho” como uma agressão, nem ao Estado Democrático de Direito, aos comerciantes e às pessoas. Por isso considero que o evento no Facebook seja mais uma provocação. Encaro com bom humor, apesar de vir de pessoas que têm defendido o que há de pior na visão antidemocrática, de ideologia repressiva, conservadora, autoritária e que se pauta em difundir mentiras.

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