Quase três milhões de consumidores compraram produtos falsos em 2021, mostra pesquisa

Sacolas de compras. Foto: Pikist

Sacolas de compras. Foto: Pikist

Levantamento feito pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) mostrou que aproximadamente 20,5% da população adulta do estado comprou algum produto falsificado nos últimos 12 meses, o equivalente a 2,9 milhões de pessoas, número superior ao registado em 2020 (1,2 milhão) e inferior ao obtido em 2019 (3,3 milhões).

Segundo o estudo realizado em novembro, e que contou com a participação de 293 fluminenses, o gasto médio foi de R$ 73,5 por compra, valor bem menor que o apurado em 2020 (R$ 94,5) e pouco maior que 2019 (R$ 62,8).

Os equipamentos eletrônicos falsificadas figuram o topo do ranking dos itens mais consumidos de forma ilegal, com 28,6%. Em segundo roupas (18,8%), seguido por calçados, bolsas e tênis (17,1%).

No quarto e quinto lugar está a pirataria eletrônica, com o download pela internet: de filmes (16,3%) e programas de computador (15,9%), respectivamente.

Na sequência foram mencionados óculos (15,1%), download de músicas da internet (10,6%), brinquedos (9,4%), relógios (9%), tv por assinatura (8,6%), perfumes (7,8%), artigos esportivos (4,1%) e cigarros (2,4%).

Por que as pessoas compram itens “piradas”?

O principal motivo apontado por 75,9% dos consumidores para optar por produtos piratas nos últimos 12 meses foi o preço mais baixo.

O fato desses produtos serem mais fáceis de se encontrar foi mencionado por 15,9% dos entrevistados. Em seguida, os motivos apresentados foram: alguns produtos podem ser “descartáveis” por isso não importa tanto a qualidade (11,8%), o produto falsificado está disponível antes do produto original (10,2%) e por questão de “status” (4,1%).

Entre os que consumiram produtos piratas nos últimos 12 meses, 65,3% afirmaram já ter se arrependido da compra. A baixa qualidade lidera a lista das reclamações com 86,2%.

Já para 27,6%, a falta de garantia foi o principal motivo de desapontamento. Outras causas foram apontadas como experiências negativas: não ter como trocar o produto (13,2%), descobrir que o produto era roubado (4,6%) e problemas de saúde desencadeados pela utilização do produto (1,3%).

Para 59,6% da população, os produtos originais são mais caros devido aos impostos elevados. As melhores soluções para combater a pirataria seria reduzir a carga tributária (79%), melhorar a educação (52,8%), conscientizar a população sobre os prejuízos causados pelo consumo desses produtos (46,8%), emprego (43,8%), aprovar leis mais duras e penas mais longas (22,5%) e aumentar a integração entre Polícia Federal e Estadual (12,7%).

Fluminenses mais conscientes

A pesquisa do Instituto Fecomércio confirma que 93,6% dos entrevistados sabem que a pirataria é crime. Para 65,5% dos fluminenses, a compra de produtos piratas prejudica a economia do estado do Rio de Janeiro.

A mesma sondagem também mostra que 71,9% dos consultados não pretendem continuar comprando produtos piratas. Outro dado relevante mostra que, para 47,6% dos pesquisados, o consumo desses produtos falsificados favorece o aumento da violência e da criminalidade.

Questionados sobre as campanhas que poderiam sensibilizar e informar melhor a população dos riscos à saúde e o prejuízo à economia do mercado ilegal, 46,4% dos fluminenses informaram que acreditam que deveriam ter mais campanhas educativas. Para 29,2% dos consumidores, campanhas governamentais poderiam colaborar, seguido por campanhas industriais e do varejo, com 24% e 22,5%, respectivamente.

Compras on-line

O crescimento das vendas on-line, diante do cenário pandêmico, também preocupa. Quando perguntados se o crescimento das compras no mundo virtual poderia aumentar a venda de produtos piratas, 69,3% afirmaram que sim – um aumento de sete pontos percentuais em comparação ao ano passado.

Indagados se teriam comprado pela internet um produto pirata pensando ser original, 43,1% confirmaram que sim. Crescimento de 13 pontos percentuais em relação ao ano de 2020.

A pesquisa também comprovou que os consumidores estão atentos: 91,8% se certificam se o site é seguro para evitar problemas com produtos falsificados ou roubados.

Para o economista João Gomes, secretário executivo do Conselho de Combate ao Mercado Ilegal e diretor do IFec RJ, a pirataria pode causar danos aos próprios consumidores, com produtos de baixa qualidade.

Além disso, o diretor alerta para os danos econômicos, tendo em vista que estes produtos que não são taxados na sua produção, importação ou comercialização, acabam prejudicando a arrecadação e promovendo uma concorrência desleal ao comércio formal, contribuindo para o desemprego e o aumento da criminalidade.

Sobre a Fecomércio RJ

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) é formada por 59 sindicatos patronais fluminenses e representa os interesses de todo o comércio de bens, serviços e turismo do estado.

O setor reúne mais de 314 mil estabelecimentos, que respondem por 2/3 da atividade econômica do estado e representam 68% dos estabelecimentos fluminenses, gerando mais de 1,6 milhão de empregos formais no total, que equivalem a 60% dos postos de trabalho com carteira assinada no estado do Rio de Janeiro.

Além disso, a Fecomércio RJ administra, no estado do Rio, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comércio (Senac).

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