Publicitário diz que foi pago para fazer pergunta ‘fake’ para Bolsonaro

Jair Bolsonaro responde pergunta no cercadinho do Palácio da Alvorada. Foto: Reprodução/Youtube

Jair Bolsonaro responde pergunta no cercadinho do Palácio da Alvorada. Foto: Reprodução/Youtube

O publicitário Beto Viana revelou ter sido contratado para fazer uma pergunta previamente combinada ao presidente Jair Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Em 13 de abril de 2020, no início da pandemia da Covid-19, ele perguntou ao mandatário da República se ele tinha visto uma entrevista do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao programa “Fantástico”, da Rede Globo.

De pronto, Bolsonaro respondeu que não assiste a emissora e foi aplaudido por apoiadores. A cena, gravada por auxiliares do presidente e que teve grande repercussão, foi acordada entre o publicitário e o site “Foco no Brasil”.

Viana contou ainda que recebeu R$ 1.100,00 e foi orientado a se comportar como um apoiador de Bolsonaro. Vale destacar quee Mandetta, que defendia uma posição diferente da forma como Bolsonaro falava sobre a condução da pandemia, foi demitido três dias após o vídeo com a resposta viralizar nas redes sociais.

De acordo com reportagem do jornal “Folha de São Paulo”, Beto Viana foi indicado para ocupar uma vaga no “cercadinho” destinado aos apoiadores de Bolsonaro “por uma pessoa de nome Anderson, do canal bolsonarista criado por Anderson Azevedo Rossi, com 2,9 milhões de inscritos no Youtube”.

“Aí ele falou: ‘Eu vou mandar a pergunta aí no WhatsApp e você faz essa pergunta pra ele. Se qualquer outro apoiador for falar com o presidente, você corta porque o presidente está esperando essa pergunta sua. Aí ele mandou o texto do jeitinho que era pra eu falar”.


Leia também:

+ Pesquisa BTG/FSB: Lula cresce três pontos e tem 44%; Bolsonaro, 35%

+ Bolsonaro: ‘Se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu’


Beto contou que foi questionado por Anderson se tinha coragem de fazer uma pergunta ao presidente. Diante da repercussão do vídeo, o publicitário acabou sendo encaminhado para fazer imagens de manifestações bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios. Cerca de um mês depois, foi dispensado da função e atualmente trabalha
como motorista de aplicativo.

“Mensagens de WhatsApp armazenadas no telefone de Viana mostram que, às 8h26 daquele dia, o contato de nome “Anderson Foco do Brasil” mandou mensagens com o texto literal do questionamento e, posteriormente, orientou-o a sempre se fingir de apoiador e buscar não levantar suspeitas de outros repórteres que fazem a cobertura
jornalística no local”, destaca a publicação.

Tanto a Presidência da República como o site “Foco no Brasil” foram procurados e não se posicionaram sobre este assunto até a publicação desta nota.

Comentários

 




    gl