Porque PMs e Bombeiros apoiam Jair Bolsonaro

Bombeiros e-policiais militares. Foto: Reprodução de Internet

Lendo a pesquisa do Fórum Nacional de Segurança Pública publicada nesta sexta-feira (7), que indica que 41% dos praças- soldados, cabos, sargentos e suboficiais – das Polícias Militares e Bombeiros Militares são bolsonaristas e apoiam todas as suas ideias autoritárias, antidemocráticas e de ruptura institucional.

A pesquisa é divulgada poucos dias após a Revista Piauí publicar matéria que diz que Bolsonaro se reuniu com ministros militares e alguns civis com o objetivo de “intervir” no STF e destituir seus ministros com um parecer Jurídico de Ives Gandra .

Os militares estaduais de baixa patente, de acordo com a pesquisa do FNSP, se articulam nacionalmente e com incisivas propostas de fechamento do Congresso Nacional e do STF.

A pesquisa do consórcio Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Empresa de Inteligência de Dados Decode não fala dos oficiais subalternos e superiores das corporações militares estaduais. O foco foram os “Praças”, ou seja, a maioria da tropa. A pesquisa não indica as motivações dos militares estaduais serem bolsonaristas, apenas registra suas práticas e falas do momento.

Tenho uma hipótese para esse grau de engajamento dos policiais e bombeiros militares com o bolsonarismo, que inclui os oficiais. Em 2008 foi apresentada ao Congresso Nacional a PEC 300. As PMs, Corpo de Bombeiros e Policiais Civis se mobilizaram e se articularam a nível nacional e parlamentar para aprovar a proposta, que não contava com o apoio do governo Lula e do PT.

Em 2010, depois de muitas manifestações e reuniões em todo o território nacional, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC 300 em primeiro turno contra o governo Lula. A PEC 300/08 tinha uma pauta legítima em um modelo semelhante ao do Distrito Federal em termos salariais.

O governo Lula e sua Chefe da Casa Civil agiram na Câmara dos Deputados para protelar a votação do segundo turno. Em 2011 já com Dilma Rousseff presidente da república e o Deputado Marcos Maia do PT presidente da Câmara, a PEC 300 foi arquivada. A mobilização para pautar a PEC 300/2008 foi para as ruas em diversos estados com vigor. As faixas de apoio a PEC 300 estavam presentes em todas as manifestações de 2013 junto com centenas de outras pautas, inclusive as pelo arquivamento da PEC 37 do Ministério Público.

Em 2015 o movimento dos policiais e bombeiros militares se juntou às passeatas e manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff e agregou as pautas legítimas da PEC 300 à reivindicação ilegítima do “Excludente de Ilicitude”, que era pedido pelas Forças Armadas Federais, particularmente do Exército Brasileiro, em função do grande número de decretos de Garantia da Lei e da Ordem, as GLOs do governo Dilma Rousseff.

Jair Bolsonaro foi o principal porta-voz de todas as pautas legítimas e ilegítimas de PMs e Bombeiros Militares, inclusive as leis de anistias aprovadas pelo Congresso Nacional em função de greves e motins. O apoio das PMs e Bombeiros Militares a Jair Bolsonaro é sólido e tem história, dos soldados aos coronéis.

* Artigo de autoria de Paulo Baía (sociólogo e cientista político)










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