VÍDEO: Vereador diz que autismo se cura ‘na peia e na chibata’ durante sessão

Em um discurso no plenário da Câmara de Jucás, no interior do Ceará, o presidente da casa, vereador Eúde Lucas, do PDT, afirmou que “era autista”, mas que seu pai o “curou” com violência física. Ele ironizou o apoio recebido pela atriz Letícia Sabatella, recentemente diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e disse que a condição se “cura” com violência física. A fala foi em sessão na Câmara Municipal de Jucás, no Ceará.

“Tem uma declaração que os artistas, os autores, sei lá… tá rondando. Eu digo ‘eu era autista’, só que meu pai tirou o autista na peia. Naquele tempo tirava autista era na chibata porque era um menino meio traquina”, afirmou.

Conforme a Delegacia Municipal de Jucás, a análise das falas do vereador vai embasar o inquérito policial, que deve apurar se o parlamentar cometeu o crime de discriminação contra pessoa com deficiência, como previsto no artigo 88 da Lei 15.146/15.

Após a repercussão negativa, o político explicou em nota que não teve a intenção de ofender, que se expressou de maneira equivocada e lamentou “profundamente que tenha sido mal interpretado”. Ele afirmou que, em sua fala, estava se referindo ao próprio passado, uma vez que recebeu este tratamento do seu próprio pai.

“Quis dizer pras pessoas que na minha época, meu pai, minha mãe, não tinham como fazer o diagnóstico. Nossos pais não tinham como saber que a gente podia ter algum grau de autismo. Nossos pais tratavam a gente com corretivo. ‘Ah, esse menino é muito danado, esse menino é traquino’, e dava um corretivo na gente. […] Tenho grande convívio. Tenho familiar, grandes amigos que têm filho autista, e eu sei o que elas passam com isso. Sei o quanto custa hoje ter no seio de sua família uma pessoa autista, e é por isso que abracei a causa. […] As pessoas que me conhecem, que sabem a minha índole, vão saber que nunca na minha vida eu seria capaz de dizer que vamos tratar o autismo hoje com corretivos”.

O TEA é um “distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento”. Segundo o Ministério da Saúde, a pessoa diagnosticada pode ter alterações na comunicação, na interação social e no comportamento.

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