Sem mencionar Bolsonaro, Aras publica vídeo defendendo sistema eleitoral

Augusto Aras. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou um vídeo, nesta quinta-feira (21), no qual defende a confiabilidade no sistema eleitoral brasileiro e nas urnas eletrônicas.

A divulgação do material, produzido há duas semanas, acontece após o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reunir com embaixadores para questionar, novamente, a segurança das eleições e a descrença nas urnas. A gravação foi feita no dia 11 de julho, durante entrevista concedida aos veículos de imprensa estrangeira pelo PGR.

Em um texto na introdução do vídeo, Aras cita que “diante dos últimos acontecimentos no país, o procurador-geral da República, Augusto Aras, recorda a necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os Poderes, e que as instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados”.


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“No atual contexto, o PGR considera oportuno apresentar, nos próximos 5 minutos, um resumo da conversa que teve com representantes da imprensa estrangeira, com temas de interesse a toda população”, prossegue a mensagem.

O procurador afirma ainda que “nós não acreditamos no 6 de janeiro (no Brasil). E eu tenho defendido que, quem ganhar a eleição, vai levar, vai tomar posse”, declarou. A data é em referência ao ataque ao Capitólio, em 2021, por apoiadores do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

No vídeo, Aras diz que o Ministério Público Federal não aceitará a acusação de fraude nas urnas eletrônicas. “Nós aqui não aceitamos a alegação de fraude, porque nós temos visto sucesso da urna eletrônica, ao longo dos anos, especialmente no que toca à lisura dos pleitos”, explica.

Por fim, o procurador reitera que a democracia se fortalece quando consegue resistir às pressões constantes. “Nós compreendemos — e temos dito isso sempre — que a democracia é o governo dos contrários, que a democracia passa por uma tensão permanente. Mas uma democracia se revela mais pujante, mais forte, na medida em que ela consegue resistir, com as suas instituições, a essa pressão contínua”, complementou o procurador.

Pedido de investigação

Na última terça-feira (19), um grupo de procuradores do Ministério Público Federal assinou um pedido para que Augusto Aras abra uma investigação sobre os ataques sem provas feitos por Bolsonaro ao sistema eleitoral.

A solicitação foi feita após a reunião convocada pelo presidente com embaixadores estrangeiros. O grupo afirma que a conduta do presidente da República diante dos representantes de diversas nações foi uma “afronta e avilta a liberdade democrática” e pode configurar “ilícitos eleitorais decorrentes do abuso de poder”.

Os procuradores pedem que o PGR “adote todas as providências cabíveis e consideradas necessárias para a completa apuração dos fatos acima narrados, considerando a missão constitucional de proteção da democracia atribuída ao Ministério Público brasileiro”.

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