Rosinha parte para o ataque e acusa quem estaria por trás da prisão de Garotinho

Rosinha Garotinho. Foto: Blog do Garotinho

Rosinha Garotinho. Foto: Blog do Garotinho

Desde que a Polícia Federal prendeu, na manhã do dia 13 de setembro, o radialista e ex-governador do Rio Anthony Garotinho, do PR, a família escolheu, informalmente, uma porta-voz. Ela chama-se Rosângela Barros Assed Matheus de Oliveira, conhecida pelo diminutivo Rosinha.  Ela é boa de briga. Casada com Garotinho, e mãe da deputada federal a atual secretária municipal do Rio, Clarissa, a família se dedica ao rádio e à política.

A entrevista com respostas polêmicas, aqui publicada, enviada ao SRzd, foi estruturada pelo tradicional expediente de perguntas e respostas, em que a ex-prefeita de Campos Rosinha Garotinho traz fatos até então desconhecidos. Ela dá detalhes da abordagem que o seu marido teria recebido por uma pessoa que se identificou como “intermediário do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luiz Zveiter”.

Segundo a ex-prefeita de Campos, o fato determinante para a prisão de Garotinho foi justamente a audiência ocorrida na véspera de uma audiência no 43º vara no Fórum do Rio de Janeiro entre Garotinho e Zveiter.

Ela disse que Garotinho nunca temeu a operação Chequinho, pois não há provas contra ele. E, breve, ela será anulada. Rosinha afirma que o ex-governador que cumpre prisão domiciliar – por determinação do juiz da 100ª zona eleitoral de Campos, Ralph Manhães -, semanas antes de ser preso havia lhe dito “coisas surpreendentes” e chegou até a usar a expressão: “pensei que Cabral é que era o rei da corrupção”.  Ela revela que durante uma discussão entre os dois, presenciada por um juiz, um promotor e vários advogados ficou claro para Zveiter que Garotinho tem muita munição contra ele.

O SRzd busca dos citados respostas para as acusações feitas abaixo:

Como a senhora recebeu a decisão da condenação de Garotinho e a prisão domiciliar motivada pela decisão de 1ª instância?

A condenação já era esperada até porque como o Garotinho sempre afirmou, a operação chequinho é uma aliança política-midiática-judicial a fim de conquistar a prefeitura de Campos e também tentar inviabilizá-lo para as eleições do ano que vem. Agora prender alguém com uma decisão de primeira instância é tão absurda que comprova que os 4 personagens desse processo: os dois juízes, o delegado e o promotor fizeram isso amparados por forças superiores. É a minha opinião!

A que forças a senhora se refere?

No início de agosto do ano passado, o meu marido me disse que foi procurado por um intermediário do senhor Luiz Zveiter chantageando-o caso ele viesse a denunciá-lo à Procuradoria geral da República, em Brasília, por recebimento de propina da Delta Construtora, juntando documentos a denúncia que fez contra o grupo de Cabral que está uma boa parte presa. O portador da mensagem foi claro: “ou você deixa ele fora disso, ou ele vai cassar a sua mulher, e infernizar a sua vida”. Inclusive, falou coisas incríveis que vieram tempos depois a se concretizar.

O meu marido me disse que foi procurado por um intermediário do senhor Luiz Zveiter chantageando-o caso ele viesse a denunciá-lo à PGR por recebimento de propina da Delta Construtora.

O que por exemplo?

Ele disse que Zveiter seria absolvido no caso Cirella, que ele seria candidato presidência do Tribunal(mesmo sem poder) e venceria a eleição, a minha própria cassação às vésperas da eleição de 2016 e outros fatos que o meu marido não trouxe à tona porque o referido cidadão envolveu nomes de pessoas que podem estar sendo vítimas de uma leviandade por parte do interlocutor. Este mesmo falou inclusive sobre a operação chequinho referindo-se a ela como um trunfo que eles teriam nas mãos. E disse ainda que Zveiter foi procurado por políticos de Campos acompanhados por um delegado e um promotor. E que se Garotinho denunciasse o magistrado ele colocaria um juiz para se unir ao grupo, do delegado, promotor e dos tais políticos.

Eles citaram nomes?

Não quero dar mais detalhes desse assunto, até porque à época que o Garotinho me relatou tais fatos decidiu que trataria deste assunto junto ao Conselho Nacional de Justiça para não expor outras autoridades que podem estar tendo os seus nomes usados indevidamente. Ele tem como provar tudo que ocorreu.

A senhora está dizendo que a operação Chequinho foi uma retaliação?

Sim! Foi. Como também a primeira prisão do Garotinho. No dia 4 de novembro o meu marido protocolou na PGR(Procuradoria Geral da República), em Brasília, complementos a denúncias que havia feito em 2012 contra o grupo de Cabral e acrescentou denúncias contra Zveiter e outros. Na ocasião ficou agendado um retorno a PGR para entrega de mais documentos, se não me falho a memória, no dia 24 do mesmo mês. E o que aconteceu antes disso? No dia 16 prenderam o meu marido.

A senhora está afirmando que aquela prisão pode ter sido motivada para impedi-lo de voltar à PGR para complementar as denúncias?

Você não acha muita coincidência que agora também ele tenha sido preso no dia seguinte a uma audiência onde se recusou a fazer uma retratação ao senhor Zveiter? Garotinho, inclusive, nesta audiência pediu para utilizar a excessão da verdade para provar tudo que disse e esta audiência está marcada para o próximo dia 25, segunda-feira. Creio que será remarcada.

A senhora acredita que o desembargador  Luiz Zveiter tenha ascendência sobre o promotor Leandro Manhães?

O caso do promotor é outro. O Garotinho o denunciou muito antes da operação Chequinho por cometimento de vários crimes, inclusive, é inacreditável não se tenha reconhecido a suspeição de um promotor que responde a um procedimento de investigação criminal no Ministério Público do Estado cujo autor da denúncia é o Garotinho.

Quais fatos o Garotinho apresentou contra o promotor Leandro Manhães?

Vou tratar genericamente do assunto pois sei que foi decretado Segredo de Justiça desse caso, mas posso afirmar sem entrar em detalhes que o Garotinho denunciou o promotor como integrante de uma organização criminosa, que possui “laranjas” para esconder seu verdadeiro patrimônio. Entre eles, um policial civil que o Garotinho também já o denunciou na Corregedoria da sua instituição. São muitos crimes, mas por estar em Segredo de Justiça, não posso me estender. Tudo que o Garotinho entregou ao Grupo de Combate ao Crime Organizado do MP está documentado.

Por que a senhora tem afirmado que o ex-governador Garotinho é um preso político?

Não só isso. Sempre ouvi o Garotinho dizer que o maior esquema do governo Cabral ainda não explodiu que é relacionado a precatórios e depósitos judiciários. Aliás, isso é tão grave que não entendo como Régis Fichtner (Ex-Secretário da Casa Civil do governo Sérgio Cabral)que comandou essas operações e ainda não foi preso. Garotinho que sempre disse que ele era a pessoa mais próxima de Cabral e operou esse esquema que envolve gente muito poderosa.

O Garotinho se sente ameaçado?

Não sei de onde ele tira tanta coragem. Aliás, ele já falou no seu programa na Tupi que recebeu uma gravação feita de dentro do presídio de Benfica onde Cabral está preso, onde em certo trecho da conversa o ex-governador Cabral afirma: “Quando eu sair daqui, quero fazer xixi na sepultura do Garotinho”. Para mim, isso é uma ameaça explícita. Acho um absurdo Cabral continuar no Rio dando ordens de dentro da prisão como já noticiado em vários veículos de comunicação.

Como tem sido a atuação do delegado Paulo Cassiano nestes episódios?

Não tenho nenhuma informação que ele esteja envolvido em corrupção, o que ele fez foi usar a sua função de delegado para pedir votos e influenciar na eleição municipal de Campos. No caso da operação Chequinho, na minha opinião, ele agiu por ressentimento, pois seu pai era o interventor da Santa Casa no período em que eu era prefeita e tive muitos embates com ele. O delegado deixou de agir como policial e se moveu por uma questão pessoal. O que o levou a cometer abusos e outras ilegalidades que serão tratadas pela Corregedoria da sua instituição, inclusive por coação a testemunha.

E o juiz Ralph Manhães?

Olha, o seu comportamento durante todo o processo mostrou sua parcialidade. Você acredita que o depoimento mais importante que é do réu, não foi gravado? Ele também só deferiu diligências pedidas pela defesa após a relatora do processo no TRE conceder uma liminar. Também só aceitou cumprir as regras de suspeição do promotor depois de outra liminar, mas mesmo assim, decidiu de forma a proteger o promoter não o julgando suspeito. Na sentença, ele diz que a OAB, uma Instituição séria estaria ajudando o Garotinho a criar fatos inverídicos para favorecê-lo. Como também o primeiro advogado dativo nomeado por ele(o juiz) o acusa de desrespeito, porque queria que ele como advogado indicado fizesse uma sentença que atendesse aos interesses do juiz e este advogado entrou com uma representação na OAB contra o juiz e disse que as medidas que achar convenientes. Isso é inadmissível. Pior ainda foi a sua decisão em escolher como segundo advogado dativo um profissional que não atua na área criminal e que fez uma sentença cuja maioria das páginas são cópias tiradas do Google, este segundo advogado dativo, nem sequer fez contato com o meu marido, o que é obrigatório por lei. Afinal, ele era o seu defensor. E mais incrível, conseguiu a proeza de ler um processo que tem mais de 3 mil páginas e escrever as alegações finais com mais de 80 páginas em apenas 6 dias sem ter conhecimento prévio da ação. Poderia falar outras coisas, mas os próprios atos do juiz Ralph Manhães durante o processo o condena. Sobre a sentença, prefiro nem comentar, pois acho que não resiste a menor leitura de qualquer cidadão isento, pois está recheada de contradições, erros e outros equívocos.

Sua família se acha perseguida pela Justiça?

Pela Justiça, não. Mas como em todas as instituições a Justiça tem pessoas que se sentem incomodadas com o jornalismo investigativo que o Garotinho faz há mais de 30 anos e essas pessoas muitas vezes estão envolvidas com coisas erradas, mas isso não quer dizer que, a Justiça esteja corrompida ou nos perseguindo. Essas pessoas, na verdade, deveriam ser banidas da justiça para não manchar o nome da instituição e aos que à ela servem honestamente.

Vocês estão esperançosos em relação a uma decisão positiva em Brasília?

Sim. Muito. Porque ao meu ver a decisão do juiz de 1ª instância é uma afronta a Constituição. No caso específico de proibir o Garotinho de dar entrevistas ou emitir opiniões é uma censura que não cabe em nenhuma democracia. Vejam, por exemplo, o Eduardo Cunha condenado com provas de corrupção escreve e publica artigos de dentro da prisão, como saiu em um jornal de grande circulação. A prisão do Garotinho é por suspeita de uso indevido de um programa social para compra de votos e está amordaçado. Mas voltando a prisão de 1ª instância, é tão absurda que o STF está discutindo rever a decisão de prisão em 2ª instância antes de se esgotarem todos os recursos. Quero lembrar que em recente entrevista a ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo, afirmou que: “cala a boca já morreu”. Em Campos algumas pessoas não entenderam o que disse a ministra.

 

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