Discurso e prática: PP no seio do governo expõe contradição do bolsonarismo
O senador do Piauí, Ciro Nogueira (PP), aceitou oficialmente, nesta terça-feira (27), o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e será o novo ministro da Casa Civil, após encontro entre os dois no Palácio do Planalto.
“Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita” (Ciro Nogueira).
+ A Casa Civil:
A Casa Civil é um dos mais importantes ministérios do governo Federal. Além de auxiliar na articulação política do Executivo junto ao Congresso Nacional, atua na coordenação de ações com as outras Pastas.
Junto com o Ministério da Economia integra a chamada Junta de Execução Orçamentária, responsável por definir questões do Orçamento da União como: remanejamento de verbas entre os ministérios, créditos suplementares e bloqueios e desbloqueios de verba.
+ Dança das cadeiras:
A ida de Nogueira para a Casa Civil faz parte de uma minirreforma ministerial costurada por Bolsonaro. O atual ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, deve ir para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje comandada por Onyx Lorenzoni (DEM). Com isso, Onyx deve ir para o novo Ministério do Trabalho, que será recriado. Até então, desde o início da gestão Bolsonaro, as atribuições da Pasta do Trabalho ficavam sob a responsabilidade do Ministério da Economia.
+ Ciro Nogueira, eleitor de Lula, considerava Bolsonaro fascista:
Nas vésperas das eleições de 2018, Ciro chamou Bolsonaro, então candidato, de fascista, além de elogiar o principal adversário do bolsonarismo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Assista:
🚨Mais um cargo pro centrão.
O futuro Ministro-Chefe da Casa Civil do @jairbolsonaro, Ciro Nogueira, o chamou de FASCISTA e PRECONCEITUOSO dias desses.
Muuuu muuuu 🐂 pic.twitter.com/6VYfVObEfB
— Priscilla (@priscilllando) July 21, 2021
O parlamentar é advogado e empresário e está em seu segundo mandato como senador pelo estado do Piauí. Ele ainda acumula a presidência nacional do PP.
Filiado ao antigo PFL, sucedeu ao pai como deputado Federal sendo eleito em 1994, aos 26 anos, e reeleito em 1998. Em 2000, foi candidato a prefeito de Teresina. Dividindo seu tempo como candidato e o time de futebol local Ríver Atlético Clube, do qual foi presidente, perdeu a disputa. Reeleito deputado Federal em 2002 deixou o partido e ingressou no PP a convite de seu sogro, o médico e político Lucídio Portela, conquistando um novo mandato em 2006.
Durante sua trajetória na vida pública acumula denúncias criminais e responde a três inquéritos que apuram suspeitas de suborno e distribuição de propinas. Na esfera criminal há duas, apresentadas pelo Ministério Público Federal, em casos ligados à Lava Jato, ainda pendentes de julgamento. A Operação Lava Jato também resultou no trio de inquéritos contra Nogueira no Supremo Tribunal Federal, ainda sem denúncia apresentada.
+ Partido Progressista:
De acordo com levantamento do site Congresso em Foco, dos cinco partidos com maior número de congressistas sob suspeita nos escândalos mais recentes do país, o PP está na frente.
A sigla foi a única denunciada, como pessoa física, por improbidade administrativa na Lava Jato, com o ingresso de procuradores na Justiça para tentar reaver R$ 2,3 bilhões aos cofres públicos por suposto envolvimento em desvios na Petrobras.
Nas palavras do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o PP montou, na ocasião, uma “estrutura criminosa estável e perene” no esquema que assaltou os cofres da Petrobras.
Historicamente, o PP pode ser considerado a Arena moderna, partido de sustentação da Ditadura Militar (1964-1985). Foi apenas mudando de nome, para PDS, PPR e PPB.
+ A contradição do bolsonarismo:
Levar ao seio do governo Federal o presidente de uma sigla envolta em inúmeras acusações e um dos símbolos do chamado centrão e seus métodos coloca em xeque o discurso bolsonarista.
Antes e durante a campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro e seus aliados refutaram a costura e as concessões agora concretizadas. Soma-se ainda o fato da repetição de que governos anteriores “quebraram o país”, afirmativa que se tomada como verdade, contou justamente com estas práticas e estes agentes. Nesta terça o jornalista Ricardo Noblat compartilhou vídeo que resgata essas contradições:
Caiu na Rede! pic.twitter.com/ole9Al9uGz
— Blog do Noblat (@BlogdoNoblat) July 27, 2021
O discurso de romper com o modelo que rege as relações entre os Poderes no país e a tentativa de se colocar como algo diferente dentro da complexa estrutura governamental brasileira se mostra diametralmente oposto ao que, na prática, efetivamente acontece.
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