Bonner avalia debate e faz reflexão sobre a necessidade de mudanças no formato

William Bonner. Foto: Victor Pollak/TV Globo

William Bonner. Foto: Victor Pollak/TV Globo

O debate da Rede Globo, encerrado na madrugada de sexta-feira (30), marcou a reta final da campanha e pouco tratou de propostas.

O encontro, tenso e com momentos de alta tensão, evidenciou a necessidade de um novo formato, para que o eleitor possa aproveitar o confronto direto entre candidatos para contribuir na sua decisão.

O mediador do debate, William Bonner, teve de lançar mão de toda a sua experiência para controlar os ânimos e fazer prevalecer as regras, sobretudo nos momentos em que pareciam insolúveis os duelos envolvendo os participantes. Neste sábado, ele fez uma reflexão sobre o modelo.


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“O mediador tem mais o perfil de um árbitro. O sujeito que faz todo mundo cumprir regras de conhecimento geral e com a concordância de todos. Faço isso há 20 anos — o que me assegura algum grau de tranquilidade.

Mas a é verdade que o nível de tensão desses debates presidenciais tem aumentado a cada eleição. E não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina pra fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita. Mas nós estamos aprendendo todos os anos. Todos os dias. E eu acho que o debate de ontem (quinta-feira) inaugurou um novo tempo, em que candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo e acho que exige uma abordagem nova.

Da mesma forma que, 21 anos atrás, ninguém precisava ficar descalço antes de embarcar num avião, não havia necessidade nenhuma de as regras de um debate preverem punição para quem as desrespeitasse.

Pessoalmente, acho que esta questão terá que ser abordada de agora em diante, no sentido de preservar o valor de um debate entre candidatos para o esclarecimento dos eleitores.

Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates”, analisou.

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