Polícia prende no Rio dois suspeitos de assassinar Marielle Franco mas ‘falta quem mandou matar’

Foto: Reprodução/TV Globo

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Uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na madrugada desta terça (12) dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018. Ronnie Lessa é policial militar reformado e Élcio Vieira de Queiroz foi expulso da Polícia Militar. Após a prisão de Ronnie, agentes que fizeram varredura no terreno da casa dele ficaram surpresos quando encontraram armas e facas.

Casa de um dos dois presos pela morte de Marielle, o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz — Foto: Reprodução/GloboNews

A investigação da polícia levou quase um ano e partiu da cena do crime, após o registro em vídeo de um carro suspeito estacionado em frente ao local onde a vereadora Marielle Franco estava reunida num evento previamente agendado. De acordo com as investigações, Lessa fez pesquisas na internet sobre os locais que Marielle frequentava, antes de partir para a ação.

Carro que saiu atrás do veículo de Marielle e Anderson. Foto: Câmera no local/Polícia Civil.

Segundo o Ministério Público, os dois foram denunciados depois de análises de diversas provas. Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Élcio, o condutor do veículo usado na execução.

De acordo com o MP, o crime foi planejado nos três meses que antecederam os assassinatos. O sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, de 48 anos, foi preso no condomínio “Vivendas da Barra”, na Avenida Lúcio Costa, 3.100, o mesmo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com informações de “O Globo”.

Marielle Franco. Foto: Renan Olaz/ Câmara Municipal do Rio

As acusações

Ronnie Lessa é o autor dos 13 disparos que mataram Marielle e Anderson. O policial militar reformado estava no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da vereadora. Ele foi preso em casa, num condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.

Élcio Vieira de Queiroz dirigiu o Cobalt. Ele foi pego também em casa, na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.

Operação

Além dos mandados de prisão, a chamada “Operação Lume” cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados, para apreender documentos, telefones celulares, computadores, armas e acessórios.

Na denúncia apresentada à Justiça, o MP também pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa, a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.

Segundo o MP, o nome da operação é uma referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado “Lume Feminista”. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos direitos humanos e integrantes do seu partido, o PSOL. “Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão ‘trazer a lume’, que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz”, informa a nota.

Quem mandou matar?

Para o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), apesar da prisão de dois suspeitos, o caso Marielle não está resolvido. Ele questiona: “A mando de quem” ela foi executada?

Marcelo Freixo. Foto: Reprodução
Marcelo Freixo. Foto: Reprodução

“São prisões importantes, são tardias. Dia 14 faz um ano do assassinato da Marielle. É inaceitável que a gente demore um ano para ter alguma resposta. Então, evidente que isso vai ser visto com calma, mas a gente acha um passo decisivo.”

“Mas o caso não está resolvido. Ele tem um primeiro passo de saber quem executou. Mas a gente não aceita a versão de ódio ou de motivação passional dessas pessoas que sequer sabiam quem era Marielle direito”, disse Freixo em entrevista ao portal G1.

Segundo a investigação aponta, um dos presos fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Ele também pesquisava a vida de Freixo.

“Essa pessoa não investigou só Marielle, essa pessoa investigou também a minha vida. A mando de quem? A partir de quando? Com que interesse político ele faz isso? Essa pessoa faz parte de um grupo que todo mundo da área de segurança pública sabe, que é do chamado Escritório do Crime. Porque tem gente que mata a serviço de outros no Rio de Janeiro há anos”, disse o deputado.

Para o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), “quem executou fez isso a mando de alguém. As prisões foram um passo tardio, mas importante. A solução definitiva do caso só ocorrerá quando responderem quem mandou matar. Essa é a nossa luta agora, a justiça para Marielle e Anderson só virá quando tivermos essa resposta”.

Com Agência Brasil e fontes

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