Polícia Federal diz que material hackeado será preservado até decisão judicial

A Polícia Federal afirmou, nesta quinta-feira (25) que “as investigações que culminaram com a deflagração da Operação Spoofing não têm como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares invadidos”.

“O conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas no material apreendido será preservado, pois faz parte de diálogos privados, obtidos por meio ilegal”, diz.

“Caberá à justiça, em momento oportuno, definir o destino do material, sendo a destruição uma das opções”, afirma.

O ministro João Otávio de Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um dos alvos da invasão, disse mais cedo, por meio de nota (ler abaixo), que o ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) havia dito, em uma ligação, que as mensagens seriam descartadas “para não devassar a intimidade de ninguém”.

A Polícia Federal identificou os aparelhos dos presidentes da República, Jair Bolsonaro; da Câmara, deputado Rodrigo Maia; do Senado, Davi Alcolumbre; do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otávio de Noronha; e da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, dentre os celulares de autoridades alvos de invasão de hackers.

Quatro suspeitos de envolvimento na invasão de celulares de autoridades foram presos na última terça-feira (23). São três homens e uma mulher, detidos na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Leia a nota da Polícia Federal na íntegra:

“A Polícia Federal esclarece que as investigações que culminaram com a deflagração da Operação Spoofing não têm como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares invadidos.

O conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas no material apreendido será preservado, pois faz parte de diálogos privados, obtidos por meio ilegal.

Caberá à justiça, em momento oportuno, definir o destino do material, sendo a destruição uma das opções.”

Íntegra da nota do STJ:

“​O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, confirma que recebeu a ligação do ministro da Justiça, Sergio Moro, informando que o seu nome aparece na lista das autoridades hackeadas. O ministro do STJ disse que está tranquilo porque não tem nada a esconder e que pouco utilizava o Telegram.

O ministro Moro informou durante a ligação que o material obtido vai ser descartado para não devassar a intimidade de ninguém. As investigações sobre o caso são de responsabilidade da Polícia Federal, a quem cabe responder sobre o caso.”​

Glenn encara Moro e diz que ele não pode apagar o material do Intercept

Em resposta à notícia de que o ministro da Justiça Sergio Moro determinou que as mensagens capturadas pelos hackers presos sejam destruídas, o jornalista do site “Intercept Brasil”, Glenn Greenwald, escreveu: “Sergio Moro pode destruir – de novo – a evidência que eles têm. Mas ele não pode destruir a evidência que nos temos, nem impedir sua divulgação. É por isso que uma imprensa livre é tão crucial em uma democracia”.

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