Braga Netto tem sigilo telefônico quebrado em investigação de supostos desvios em intervenção federal no Rio

General Braga Netto. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira (12), 16 mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Perfídia nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.

Militares que integraram o Gabinete da Intervenção Federal (GIF) no Rio de Janeiro, em 2018, e empresários são alvos. O general Walter Souza Braga Netto, à época nomeado interventor pelo então presidente Michel Temer, é investigado e teve o sigilo telefônico quebrado pela Justiça. Ele também é ex-ministro da Defesa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi candidato a vice-presidente ao lado de Bolsonaro, nas eleições de 2022.

A investigação visa apurar os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa supostamente praticadas por servidores públicos federais quando da contratação de uma empresa norte-americana pelo Governo Brasileiro para aquisição de 9.360 coletes balísticos com sobrepreço no ano de 2018, pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro.

O valor total do sobrepreço da compra dos coletes foi de R$ 4.640.159,40, segundo análise do Tribunal de Contas da União. A empresa, após dispensa de licitação, recebeu R$ 40.169.320,80 (US$ 9.451.605,60), entregues no dia 23 de janeiro de 2019. O montante foi estornado à União após suspensão de contrato, em setembro do mesmo ano.

O governo dos Estados Unidos avisou às autoridades brasileiras sobre o possível desvio ao investigar o atentado ao presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em julho de 2021.

Além desta contratação, a Operação Perfídia investiga o conluio de duas empresas brasileiras que atuam no comércio de proteção balística e formam um cartel deste mercado no Brasil. Tais empresas possuem milhões em contratos públicos.