A Justiça do Rio de Janeiro decretou, na última quarta-feira (09), o bloqueio de bens do ex-governador Luiz Fernando Pezão. A ação atende a um pedido do Ministério Público Estadual. Ao todo, ficaram indisponíveis R$ 45,6 milhões.
Pezão é acusado de receber mais de R$ 11 milhões do Sindicato das Empresas de Ônibus Urbanos do Rio (Fetranspor). Em troca, o ex-governador do Rio favorecia os interesses da entidade durante o seu mandato, entre 2015 e 2018.
De acordo com o Ministério Público (MP), a ação criminosa foi “herdada” do também ex-governador Sérgio Cabral. Após a saída de Cabral do cargo, Pezão manteve em funcionamento o esquema de corrupção do antigo governo.
As investigações apontam que Pezão indicou o ex-dirigente da Fetranspor, Luiz Carlos Vidal Barroso, para recolher propina de empresários corruptores. Já Hudson Braga, que fazia o mesmo serviço para Cabral, continuou recebendo os pagamentos indevidos direcionados a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) que também participavam do esquema.
O cálculo do valor bloqueado dos bens de Pezão se refere a R$ 11,4 milhões recebidos ilegalmente da Fetranspor. No valor, foi somada multa de R$ 34,2 milhões, que equivale ao triplo da propina recebida.
A Justiça também bloqueou R$ 68 milhões em bens de Luiz Carlos Vidal Barros, Hudson Braga e José Carlos Lavouras. Já a Fetranspor teve R$ 34,2 milhões do seu patrimônio colocados sob indisponibilidade.
Pezão foi preso no dia 29 de novembro do ano passado, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo. De acordo com a PGR, são nove os alvos da Operação Boca de Lobo, que, além de Pezão, mirou assessores e um sobrinho. As ações foram executadas pela Polícia Federal.
No pedido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), por Pezão ter foro privilegiado, a procuradora Raquel Dodge afirmou que ficou “demonstrado ainda que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros”.
As conclusões se sustentam em informações decorrentes de uma colaboração premiada homologada no Supremo Tribunal Federal e documentos apreendidos na residência de um dos investigados na Operação Calicute.
A partir daí foram realizadas diligências que permitiram aos investigadores complementarem as provas. Foram analisadas provas documentais como dados bancários, telefônicos e fiscais.
Fonte: Agência Brasil
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