Pastor quebra imagens de santos e é indiciado por discriminação religiosa

Um pastor evangélico de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi indiciado por discriminação religiosa após publicar nas redes sociais um vídeo onde aparece quebrando imagens de santos que ele chama de “imagens de demônios”. As gravações foram entregues à polícia pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) na última semana após uma denúncia recebida através da secretaria.

Após investigações policiais, agentes da 58ª DP (Posse) identificaram Daniel Martins Francisco, o pastor evangélico que aparece no vídeo destruindo as imagens que segundo ele, “atormentavam uma família”. Na gravação, registrada em 29 de agosto deste ano, no bairro Jardim Paraíso, em Nova Iguaçu, o pastor está acompanhado de outras três pessoas. De acordo com as investigações as peças destruídas seriam de uma filha de santo (como são chamados os umbandistas ou candomblecistas) quer teria se convertido a religião evangélica.

O pastor foi indiciado com base na Lei de Racismo por discriminação religiosa e vilipêndio às imagens com pena de um a três anos de prisão. A Polícia Civil ouvirá ainda mais duas outras testemunhas e em seguida encaminhará o inquérito para o Ministério Público.

Não acredito que verdadeiros pastores incitem a violência e o ódio entre religiões. Quem faz isso é um fanático, não é um cristão.

“Não acredito que verdadeiros pastores incitem a violência e o ódio entre religiões. Quem faz isso é um fanático, não é um cristão. Identificar e punir os autores deste crime é essencial para que outros intolerantes vejam que delitos como estes não fiquem impunes em nosso estado. Temos hoje uma subnotificação dos crimes de intolerância religiosa, por que muitas vítimas não fazem o registro de ocorrência na delegacia. É por isso que estamos trabalhando junto com a Secretaria de Estado de Segurança e a Polícia Civil para a implementação da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI). Com esta especializada registraremos corretamente os casos gerando assim dados estatísticos que nos ajudem a mapear e desenvolver políticas públicas para o combate a intolerância”, diz o secretário de Direitos Humanos, Átila A. Nunes.

Nesta quinta-feira (14) o secretário de estado de Direitos Humanos se reuniu com representantes da Secretaria de Estado de Segurança, do Ministério Publico Federal e Estadual para elaborar medidas conjuntas de combate aos casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Será estabelecido um acordo de cooperação entre SESEG, MPF, MPE e SEDHMI para facilitar e agilizar o andamento das denúncias além de gerar mais dados sobre os casos.

Na tarde desta sexta-feira (15), às 17h o secretário Átila A. Nunes se reunirá com o Secretário Nacional de Politicas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo Junior, para tratar sobre os casos de intolerância racial no estado do Rio.

A Secretaria de Estado de Direitos Humanos contabiliza 32 casos de intolerância religiosa de julho até esta semana. Oito destas denúncias ocorreram no município de Nova Iguaçu. Para que casos como estes sejam identificados e encaminhados as autoridades competentes o mais rápido possível a SEDHMI criou no mês passado o Disque Combate ao Preconceito – (21) 2334 9551. A central telefônica funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.