Pandemia pode isolar Brasil do resto do mundo, diz infectologista

Trabalho de limpeza durante a pandemia. Foto: Max Haack/Secom

O Brasil tem 41.952 mortes pelo novo Coronavírus confirmadas até a manhã deste sábado (13), aponta um levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

O país corre grande risco ao ter flexibilizado o isolamento antes de reduzir a transmissão da doença. Segundo o infectologista e epidemiologista Roberto Focaccia, professor livre docente pela Universidade de São Paulo, a Covid-19 pode se perpetuar no país por muito mais tempo, isolando o Brasil do resto do mundo.

“Já são mais de três meses de infecção no Brasil e, no auge da epidemia, os governadores abriram tudo, até os shoppings e anteciparam feriados. As decisões políticas estão prejudicando o país. Uma hora falam em lockdown, outra abrem tudo. São atitudes políticas, não científicas”, disse o profissional ao jornal “O Globo”.

Desde o começo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro, vem discursando em sentido contrário, colocando a retomada da economia acima da saúde pública e incentivando as pessoas a saírem de casa.

Um estudo feito por uma universidade do Rio Grande do Sul mostrou que apenas 2% da população está com anticorpos. Focaccia acredita que o Brasil está no pior momento para flexibilizar a quarentena.

“Daqui duas ou três semanas, vamos sentir o caos. Estamos brincando com a epidemia. É uma sucessão de erros inacreditáveis. A Europa e os Estados Unidos já fecharam as fronteiras para o Brasil. Até o Donald Trump, que é amigo do presidente Jair Bolsonaro, fez isso. Se perpetuar a infecção pelo Coronavírus, vamos ficar isolados. Quanto mais tempo, mais isolado do resto do mundo e pior para a economia. Esse tempo pode ser longo”, completou o professor dizendo que a única saída, diante dos erros já cometidos, é a vacina.

Existem mais de 100 testes de vacina contra o novo Coronavírus em andamento no mundo. Dois deles, o da Oxford e a do convênio com o Instituto Butantan estão na fase mais adiantada.

“Na Suécia, um país muito menor, com população mais disciplinada e de nível educacional mais elevado, a quarentena voluntária resultou em tragédia e tiveram de fazer lockdown. A China, assim como outros países asiáticos que adotaram medidas rigorosas com quarentena obrigatória e testes, acabou logo com a pandemia. Nos Estados Unidos, apesar do lockdown, isso não aconteceu, porque as periferias, que vivem em cubículos ou favelas de Nova York e Los Angeles, não conseguiram se isolar. O Brasil não se fez uma coisa, nem outra”, completou.

No cenário internacional, as nações podem entender que o Brasil não adotou esforços necessários para conter a pandemia e abrir as fronteiras para os brasileiros pode ser um perigo.

Números

O Brasil é agora o segundo país com o maior número de mortes pela doença no mundo. O país ultrapassou o Reino Unido, que tem 41.566 óbitos, de acordo com o painel da Universidade Johns Hopkins, baseado em dados oficiais das nações. Os Estados Unidos têm 114 mil mortes.










 

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