Palavras matam: Violência política cresceu 335% no Brasil ao longo de 2022

Palácio do Supremo Tribunal Federal destruído, após atos golpistas. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Palácio do Supremo Tribunal Federal destruído, após atos golpistas. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Palavras matam. A violência política cresceu 335% no Brasil em 2022 segundo estudo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Os crimes contra mulheres, população negra e LGBTQIAP+ também registraram aumento embalados pelas falas intolerantes estimuladas pelo discurso oficial do então presidente Jair Bolsonaro.

Diante desse quadro, a comunicação está no centro das disputas e precisa ser debatida. Palavras matam. Como enfrentar a desinformação e o discurso de ódio é o seminário realizado pela ONG CRIAR Brasil em parceria com o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e com a Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em pauta a radicalização do discurso que vem agravando a polarização e causando vítimas.

O evento, a ser realizado na próxima terça-feira, dia 23 de maio, às 10h, no Salão Nobre do IFCS, faz parte do esforço para construir estratégias comunicativas que, de fato, dialoguem com a população, se atenham aos princípios éticos e possam se contrapor ao discurso de ódio que ganhou espaço até recentemente como fala oficial, nas redes sociais e na mídia hegemônica, onde foi gestado e nutrido bem antes das eleições presidenciais de 2018.

O seminário contará com a participação do historiador e sociólogo Michel Gherman (IFCS/UFRJ), a professora Suzy dos Santos (ECO/UFRJ), a jornalista Camila Marins, o filósofo Fernando Santoro (IFCS/UFRJ), a comunicadora Raquel Cardoso (Coletivo Ponta de Lança – Manaus) e contribuição da jornalista Luciana Barreto (CNN). O evento faz parte do projeto do CRIAR Brasil, com apoio da Fundação Ford, e que inclui iniciativas de pesquisa e produção de materiais que explicitem as consequências da intolerância, busque caminhos para resistir a essas práticas desagregadoras e dialogue, especialmente, com a população mais pobre. O encontro será aberto ao público e contará com emissão de certificado de participação para os presentes.

+ Dados sobre aumento da violência contra minorias:

Os assassinatos em conflitos no campo registraram em 2021 aumento de 75%, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Comissão Pastoral da Terra – CPT divulga relatório sobre conflitos no campo, no Brasil, em 2021 (cptnacional.org.br);

A população LGBTQIAPN+ do País passou a ocupar em 2021 o primeiro lugar em homicídios, um a cada 29 horas (O Brasil é o país com maior número de pessoas LGBT+ assassinadas. Congresso em Foco, 24 de fevereiro de 2022. Brasil é o país com maior número de pessoas LGBT+ assassinadas (uol.com.br);

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, que analisa dados do ano anterior, os casos de racismo tiveram alta de 31% (Segurança em Números 2022. In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Ano 16 – 2022, p. 15. anuario-2022.pdf (forumseguranca.org.br);

Os feminicídios causaram a morte de quatro mulheres por dia, 62% delas eram negras, 81,7% dos assassinos eram maridos ou companheiros (Segurança em Números 2022. In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Ano 16 – 2022, p. 15. anuario-2022.pdf (forumseguranca.org.br);

Foi registrado ainda o aumento de 4,2% nos registros de estupros, alcançando o número de 66.020 em apenas um ano, o que representa média de 180 violações por dia (Segurança em Números 2022. In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Ano 16 – 2022, p. 15. anuario-2022.pdf (forumseguranca.org.br);

O Décimo Boletim Trimestral do Observatório da Violência Política e Eleitoral, elaborado pela UniRio, contabilizou 1.410 casos de violência política do início do governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 até setembro de 2022 (Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil. Boletim Trimestral, Nº11, julho-setembro de 2022. http://giel.uniriotec.br/files/Boletim%20Trimestral%20n%C2%BA%2011%20-%20Julho-Agosto-setembro%202022.pdf).

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