‘Os caras vão morrer na rua igual barata’ diz Bolsonaro ao defender porte de armas

Policial armado. Foto: Reprodução de Internet

Policial armado. Foto: Reprodução/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro defendeu em entrevista a aprovação do excludente de ilicitude, dizendo que com ele bandidos “vão morrer na rua igual barata”.

A declaração foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada no YouTube nesta segunda-feira (5). Bolsonaro foi questionado sobre o que fazer para resolver a violência no Rio e no Brasil.

“A partir do momento em que eu entro no excludente de ilicitude ao defender a minha vida ou a de terceiros, a minha propriedade ou a de terceiros, o meu patrimônio ou o de terceiros, a violência cai assustadoramente, os caras [bandidos] vão morrer na rua igual barata. E tem que ser assim”, disse o presidente informando que vai enviar um projeto ao Congresso com o objetivo de dar “retaguarda jurídica” para que os policiais possam utilizar armas de fogo em operações sem serem procesados.

Bolsonaro também afirmou que não irá aprovar nenhum decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) – medida que permite que as Forças Armadas atuem nas ruas em alguns Estados– enquanto não houver decreto de ilicitude.

“Eu tenho que ter responsabilidade e, se eu assino 1 decreto GLO e boto ali do soldado até o general na rua, eu tenho que dizer pra eles ‘eu confio em você e se você entrar em um confronto e matar alguém com mais de 2 tiros, você não vai ser processado por excesso; se acontecer algo colateralmente [sic], matar um inocente, eu tenho que garantir sua liberdade’. E no momento eu não posso garantir”, afirmou.

“O que eu quero é liberdade para os caras agirem. Se o Congresso me der essa liberdade, eu boto a tropa na rua. Eu não vou visitar meu sargento, meu cabo, meu coronel na cadeia”, continuou.

O presidente afirmou que não se acaba com a violência facilmente, mas destacou que a presença dele e do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, “dando exemplo”, já diminuiu estes índices “em torno de 24%”.

Entrevista de Jair Bolsonaro com a jornalista Leda Nagle. Foto: Reprodução
Entrevista de Jair Bolsonaro com a jornalista Leda Nagle. Foto: Reprodução

Fernando Santa Cruz

Bolsonaro reafirmou que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto por um grupo de esquerda ao qual pertencia, versão que contraria relatório da Comissão Nacional da Verdade e pela qual o presidente está sendo interpelado pelo dirigente da entidade perante o Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro disse que o pai de Felipe tinha uma função na Ação Popular, “o grupo mais sanguinário e terrorista lá de Pernambuco”.

“E ele veio para o Rio de Janeiro, as informações que eu tive na época. Veio para o Rio de Janeiro e o pessoal da Ação Popular daqui não gostou de uma pessoa vir para o Rio sem ser do primeiro escalão e sem ter o positivo deles lá. Então, eles não confiavam nele. E daí, o meu entendimento, pelo o que eu ouvi, foi que o pai dele foi justiçado como tantos outros”, declarou Bolsonaro, que tinha 18 anos de idade quando o pai do presidente da OAB desapareceu durante a ditadura militar.

De acordo com a Comissão Nacional da Verdade e com documentos das Forças Armadas, Fernando Santa Cruz foi preso no Rio de Janeiro e morto sob custódia do Estado.

Reeleição

Na entrevista, gravada na sexta-feira, Bolsonaro foi instado a dizer o que considera ter avançado mais ou menos em sete meses de governo. Respondeu que tudo está avançando “muito bem” e que está “satisfeitíssimo”. Destacou também que não está preocupado com reeleição, embora tenha dado seguidos sinais de que gostaria de concorrer a um novo mandato em 2022.

Bolsonaro compara reforma da Previdência com quimioterapia

Na semana em que o Congresso retoma os trabalhos e pode retomar a votação na Câmara do segundo turno da reforma da Previdência, Bolsonaro disse que ela tem de ser feita e comparou. “Eu considero uma quimioterapia. Nunca fiz, mas quem faz cai os cabelos, sofre, mas se não fizer, morre”, disse.

Outros respostas

Indígenas: “Por que a Bolivia pode ter um índio presidente, e no Brasil o índio tem que ficar confinado numa reserva como se fosse um homem pré-histórico? Quem quer isso não tá preocupado com as questão humanitárias do índio”;

Vazamentos de conversas telefônicas: “Eu acho um crime. É uma invasão de privacidade”;

Legislação trabalhista: “O trabalhador vai ter que decidir um dia entre menos direitos e mais empregos ou todos os direitos e menos empregos”;

Amazônia: “Nós temos a biodiversidade amazônica, que tem que ser explorada, reservas (ambientais) que ficam em reservas indígenas na Amazônia devem ser exploradas de forma racional”;

Privatização: “O Paulo Guedes diz que algumas estatais são verdadeiros ninhos de rato, eu concordo com ele (…). Como a gente acaba com isso? Privatizando”;

Imprensa: “Eu fico feliz, porque o dia que eu não sou criticado por essa mídia nossa é porque eu estou fazendo algo de errado”;

Eduardo Bolsonaro na embaixada do Brasil nos EUA:  “Tem tudo pra dar certo. E tem outra coisa, é uma vitrine lá. Eu vou botar filho meu incompetente, vamos supor, que não tivesse qualificado, pra levar pancada todo dia?”.

 

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