Péssimo serviço dos ônibus e relutância de redução de tarifa sacrificam passageiros no Rio

Finalmente a tarifa dos ônibus será reduzida de R$ 3,80 para R$ 3,60. O carioca que usa o transporte público no Rio está cada vez mais estarrecido com as denúncias de corrupção que envolvem as lideranças que representam os donos das empresas de ônibus. E, para piorar, crescem as reclamações sobre a má qualidade do serviço oferecido ao público.

As prisões de Jacob Barata Filho, maior empresário de ônibus do Rio, e Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor são apenas dois exemplos de executivos suspeitos de manterem, segundo denúncias da Polícia Federal, relações consideradas criminosas com autoridades governamentais ao longo dos últimos 20 anos ou mais.

Jacob Barata Filho. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em relação à redução da tarifa de ônibus do sistema municipal de transporte do Rio de Janeiro, o Rio Ônibus divulgou uma nota em que explica os seus argumentos. Leia:

Os consórcios Intersul, Internorte, Santa Cruz e Transcarioca são favoráveis a uma perícia no contrato de concessão firmado em 2010 com a Prefeitura.

– Antes de reduzir a tarifa, é preciso levar em conta outros fatores que causaram impacto no valor da passagem antes e depois de 2015. É de conhecimento público que os consórcios vêm alertando a população, desde o início do ano, que ocontrato de concessão está desequilibrado do ponto de vista econômico-financeiro, provocando consequências diretas na operação e levando à falência das empresas.

– O setor defende que seja calculado também o impacto de dois congelamentos no valor da tarifa (em 2013 e 2017), a inclusão de gratuidade sem indicação de fonte de custeio (estudantes universitários), do aumento de 30 minutos do tempo de validade do Bilhete Único Carioca (BUC), os custos adicionais com a climatização da frota e os efeitos da concorrência desleal das vans, principalmente na Zona Oeste.

Lélis Teixeira | Foto: Richele Cabral
Lélis Teixeira | Foto: Richele Cabral

– A análise técnica é imprescindível para a definição do valor da tarifa, a fim de não pôr em risco um setor que é essencial à cidade e transporta mais de 70% da população. São mais de 3,4 milhões de passageiros por dia.

– A redução no valor da tarifa vai agravar a situação de um setor que já está em colapso, que vem sendo evitado com o endividamento das empresas.

– Dessa forma, os consórcios avisam antecipadamente que não tem condições de garantir o pleno funcionamento do sistema, já que aumenta consideravelmente o risco de paralisação de empresas e a demissão de rodoviários.

– Desde a negativa da Prefeitura de reajustar a tarifa, que deveria ter ocorrido em janeiro último, as empresas de ônibus vêm perdendo a capacidade de investimento na manutenção e renovação da frota, o que tem causado a deterioração dos serviços prestados aos usuários.

– Sete empresas já encerraram suas atividades e pelo menos outras 11 enfrentam grave crise financeira, podendo suspender o serviço a qualquer momento, causando impacto na rotina dos passageiros. Duas empresas opera no sistema BRT.

– Em pelo menos três momentos, entre 2014 e 2016, os consórcios solicitaram à gestão passada da Prefeitura o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, sendo que a última solicitação, em novembro do ano passado, foi acompanhada de um parecer técnico da E&Y.

– A obrigatoriedade de ar-condicionado não está estipulada no contrato de concessão, mas em 2014 foi determinado, sem qualquer concordância ou participação das empresas, prazo para a climatização da frota, sem conhecimento de qualquer laudo técnico indicando a viabilidade das modificações exigidas.

– Laudo da Coppe/UFRJ estima em 33% o custo adicional de cada veículo convencional com combustível com a climatização da frota, custo não levado em consideração nos reajustes da tarifa.

– É importante ressaltar que em nenhum momento a Prefeitura fez acréscimos no valor da tarifa para climatizar 100% da frota, mas estabeleceu metas anuais a partir de 2015. A meta de 2015, inclusive, não foi atingida e houve desconto no cálculo da tarifa em 2016.

– Desde a obrigatoriedade de instalação de ar-condicionado nos ônibus novos, já foram investidos mais de R$ 62 milhões adicionais ao valor recebido com o percentual da tarifa para acelerar o processo de climatização.

– Vale lembrar também que todos os meios de transporte – metrô, barcas, trens e ônibus intermunicipais – tiveram aumento em 2017, em respeito aos seus contratos de concessão ou permissão.

– A tarifa do Rio já é menor que a tarifa de municípios como Angra dos Reis, Arraial do Cabo, Belford Roxo, São Gonçalo, São João de Meriti e Niterói, por exemplo, ou equivalente a cidades como Barra Mansa, Resende e Teresópolis.

– Empresas do setor já registram queda de pelo menos 20% de passageiros equivalentes (pagam tarifa cheia de R$ 3,80).

– Em São Paulo, a Prefeitura mantém a tarifa em R$ 3,80 a um custo estimado em subsídios da ordem de aproximadamente R$ 3 bilhões em 2017.

– A pergunta é: a quem interessa a falência de um sistema que garante deslocamento por toda a cidade e permite a integração com trens, metrô, barcas e VLT, proporcionando que a população se beneficie com gratuidades e integrações?

A secretaria (municipal de Transportes) ressalta que vai intensificar a fiscalização neste sábado(2/9) para verificar o cumprimento da decisão(redução da tarifa de R$ 3,80 para R$ 3,60).

Depois de explicar que a prefeitura do Rio está cumprindo uma determinação judicial com relação a forma de conduzir o reajuste das tarifas ela se pronunciou através de sua assessoria de imprensa:

A Secretaria Municipal de Transportes informa que vai oficiar os consórcios sobre a redução das passagens ainda nesta sexta-feira. Porém, os consórcios não dependem do recebimento do ofício para praticar o valor, uma vez que o decreto foi publicado no Diário Oficial de hoje(1/9). A secretaria ressalta que vai intensificar a fiscalização neste sábado(2/9) para verificar o cumprimento da decisão e lembra que, se isso não ocorrer, o consórcio será punido com multa. A fiscalização será concentrada nos terminais, onde há maior movimento.

Comentários

 




    gl