Na ativa, Queiroz negocia ‘500 cargos lá, na Câmara e no Senado’ em nome de Flávio Bolsonaro, diz site

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução de Internet

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução de Internet

O ex-policial Fabrício Queiroz continua em plena atividade e admite ter “capital político” oito meses após ter sido formalmente exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro da Assembleia Legislativa do Rio.

Em gravação atribuída ao mês de junho deste ano, o ex-assessor dá dicas de como fazer indicações políticas em gabinetes de parlamentares. No áudio divulgado pelo jornal “O Globo”, ele indica a um interlocutor como montar um esquema ilegal de caixa dois e insinua uma comissão de “20 continho” para o clã Bolsonaro.

“Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada”, diz Queiroz em áudio. Em seguida ele afirma: “20 continho aí para gente caía bem pra c**”.

Demonstrando conhecer o funcionamento do gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro que foi deputado estadual de 2003 a 2018 e hoje é senador, Queiroz sugere que o interlocutor poderia procurar parlamentares que frequentam o local para tratar de nomeações.

“O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e nomeia fulano aí para trabalhar contigo aí, salariozinho bom desse aí para a gente que é pai de família, cai como uma uva”, diz Queiroz, no áudio.

Procurado pela reportagem, Queiroz admitiu que mantém a influência por ter “contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro”.

Flávio Bolsonaro negou que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que mantenha qualquer contato com ele desde o ano passado. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” no mês de maio, Flávio alegou não saber o paradeiro de Queiroz.

Por nota, o advogado Frederick Wassef que atua na defesa de Flávio Bolsonaro disse que “a gravação deveria passar por perícia da Polícia Federal para garantir sua autenticidade, a comprovação de que é Fabrício Queiroz e que não houve edição ou retirada de contexto da referida gravação”.

Caso Queiroz

No fim de 2018, o Coaf (hoje chamado de Unidade de Inteligência Financeira) apontou “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz.

Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução de TV
Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução de TV

O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita de um esquema conhecido como “rachadinha” no gabinete do atual senador e então deputado estadual, Flávio Bolsonaro, em que servidores são coagidos a devolver parte do salário para os deputados.

Oito assessores do então deputado estadual Flávio Bolsonaro transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj.

Fabrício Queiroz confessou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete, mas diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do então deputado.

No depoimento por escrito, entregue ao Ministério Público do Rio em 28 de fevereiro deste ano, Queiroz disse que tinha uma função que “se assemelhava a do chefe de gabinete” e que “tinha a possibilidade de nomear assessores”. No entanto, segundo ele, atuava para “gerenciar as questões relacionadas à atuação dos assessores fora do gabinete do deputado”.

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