Mourão defende Ditadura e atuação política de militares: ‘País espera mais’

Hamilton Mourão. Foto: Reprodução/Flickr Planalto

Em artigo publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo” nesta terça-feira (6), o vice-presidente, general Hamilton Mourão defendeu a Ditadura Militar e o Golpe de 64 – que, segundo ele, “fortaleceu a representação política pela legislação eleitoral” – e a participação dos militares na política, dizendo que “a sociedade brasileira espera algo mais de seus militares”, pela “situação difícil causada pela postergação de reformas imprescindíveis – a tributária, a administrativa e a política – e pelo desvirtuamento da administração pública, atingida em cheio pela corrupção e pelo clientelismo político”.

“Deixamos para trás um regime que não mais atendia às aspirações da cidadania, uma República calcada na fraude eleitoral, um federalismo de oligarquias e seguidas revoltas, revoluções, autoritarismos e ditadura que envolveram os militares. Goste-se ou não, foi o regime instalado em 1964 que fortaleceu a representação política pela legislação eleitoral, que deu coerência à União e afastou os militares da política, legando ao atual regime, inaugurado em 1985 e escoimado de instrumentos de exceção, uma República federativa à altura do Brasil”, escreveu Mourão.

O vice-presidente, no entanto, diz que “neste momento de dificuldades por que passa o País ela espera mais” dos militares, o que justificaria a presença de “militares, da ativa e da reserva servindo-lhe com ou sem uniforme, ciosos de sua cidadania, orgulhosos do que fizeram e confiantes no que podem fazer de bom para o bem do País”.

Mourão citou o abandono de Donald Trump pelos militares – lembrando que, nos Estados Unidos, “os comandantes das Forças Armadas norte-americanas, virem a público garantir a transição presidencial na maior democracia do mundo” – após pincelar, de modo subjetivo, a crise gerada por Jair Bolsonaro com a demissão dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

“As Forças Armadas são instituições de Estado, porque são regulares, permanentes, nacionais e se destinam à defesa da Pátria e à garantia dos Poderes constitucionais, estando sob a autoridade do presidente da República, que é responsável perante os demais Poderes e a Nação pelas ordens que transmite a elas. No que diz respeito aos militares, em qualquer país do mundo o que distingue as democracias das ditaduras são as ordens que lhes são dadas e, o mais importante, como eles lhes obedecem. Nas democracias, as ordens são legais e emitidas por quem de direito, sendo integralmente cumpridas na forma da lei. Fora disso, transita-se perigosamente entre a desordem e o autoritarismo. Políticos e soldados profissionais das grandes democracias já sabem disso”, diz.

Mourão ainda afirma que “os militares que foram chamados a trabalhar no governo que se iniciou em janeiro de 2019 vieram tão somente participar – como cidadãos no pleno exercício de seus direitos e como profissionais de Estado capazes – do esforço de racionalização, efetividade e moralização da administração pública, em prol do soerguimento do País”.

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