Moro determinou ações e buscas da Polícia Federal sem passar pelo Ministério Público, diz site

Sergio Moro. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Sergio Moro. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O jornalista Glenn Greenwald escreveu que, pela primeira vez, os diálogos revelados pelo site “Intercept” mostram que o então juiz Sergio Moro “mandava no planejamento das operações, tendo inclusive direcionado quais materiais deveriam ser apreendidos — uma violação do sistema acusatório”. Essa ação do atual ministro da Justiça é ilegal.

De acordo supostas mensagens de conversas trocadas em grupos da Lava Jato no Telegram e publicadas pelo site neste sábado (19), o ministro de Jair Bolsonaro ordenou busca e apreensão na casa de suspeitos sem provocação do Ministério. Segundo a publicação, os policiais federais sabiam que o que Moro fazia era ilegal e brincavam com a situação.

“Russo deferiu uma busca que não foi pedida por ninguém…hahahah. Kkkkk”, escreveu Luciano Flores, delegado da PF alocado na Operação Lava Jato, em fevereiro de 2016, em grupo que reunia procuradores do Ministério Público federal e integrantes da PF.

Russo é o apelido de Moro entre os investigadores da Lava Jato. A informação de que juiz ordenava uma ação da Polícia Federal sem o pedido do Ministério Público causou surpresa em outras pessoas que faziam parte do grupo.

“Como assim?!”, respondeu Renata Rodrigues, delegada da PF trabalhando na Lava Jato. Flores respondeu: “Normal…deixa quiet…Vou ajeitar…kkkk”.

O site afirma que as orientações de Moro nas operações já ocorriam em 2015. Outros diálogos mostram também que Moro auxiliou no planejamento da operação, tendo direcionado quais materiais deveriam ser apreendidos, o que viola o sistema de acusação.

Glenn citou nas redes sociais a busca e apreensão e condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março de 2016. Para ele, “a conduta imprópria de Moro foi tão severa que os delegados da PF ficaram chocados, riram, e concordaram em ficar ‘quietos’ sobre Moro”, e até em “ajeitar” as coisas para Moro. Isso inclui ordenar
buscas da Polícia Federal contra acusados que Sergio Moro deveria julgar com objetividade, denuncia o jornalista.


A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba disse ao “Intercept” que não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas: “O material é oriundo de crime cibernético e tem sido usado, editado ou fora de contexto, para embasar acusações e distorções que não correspondem à realidade. O site
prejudica o direito de resposta ao não fornecer todo o material que diz usar na publicação”.

Moro usou o Twitter para rebater as novas denúncias contra ele, divulgadas neste sábado (19): “Quando um veículo como UOL faz uma matéria falsa e caluniosa, sem sequer ouvir os envolvidos, entendo que é mau jornalismo, assim como também é distorcer fatos com base em supostas mensagens de terceiros obtidas de forma criminosa para salvar corruptos”.

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