Ministro avalia repatriação e diz que Brasil ‘se dá bem com Palestina e Israel’

Ministro Mauro Vieira em audiência. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Ministro Mauro Vieira em audiência. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) recebeu nesta quarta-feira (18) o ministro Mauro Vieira, do Itamaraty, para uma audiência sobre a atuação do Brasil no conflito entre Israel e a organização extremista palestina Hamas.

O chanceler afirmou que o país conquistou uma “vitória diplomática” ao liderar uma proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), apesar de ela não ter sido aprovada.

Vieira disse que a proposta do Brasil apresentada e votada no Conselho de Segurança nesta quarta foi debatida por três dias com os países membros buscando uma linguagem aceita por todos para alcançar o objetivo principal, de assistência humanitária aos palestinos.

Na votação, apenas os Estados Unidos vetaram a proposta. Por serem membros permanentes do conselho, sua posição foi suficiente para derrubar o texto. Ele também disse que a prioridade do governo neste momento é a retirada dos brasileiros que estão na zona de conflito.

Brasil se dá e se dá bem com os dois lados

O ministro das Relações Exteriores destacou que a operação de retirada de 1.135 brasileiros de Israel foi possível porque o Brasil “se dá bem com os dois lados, Israel e Palestina”. E que se o país adotasse uma postura para classificar o Hamas como “terrorista”, poderia ter tido dificuldade.

“Nossa preocupação não foi em tomar posição política, porque o Brasil se dá e se dá bem com os dois lados, Israel e Palestina. E graças a isso conseguimos ter diálogo com os dois lados, um diálogo muito fluido para conseguir retirar os brasileiros”, disse o ministro Vieira.

“Se nós tivéssemos adotado uma posição desse tipo [de classificar o Hamas como terrorista], não teríamos a facilidade com que fomos tratados pelo lado palestino, por exemplo, poderia criar uma dificuldade”, disse Vieira, ressaltando que essa é a posição adotada pela diplomacia brasileira também em outros conflitos internacionais.

O chanceler disse que a diplomacia brasileira segue o entendimento da Organização das Nações Unidas (ONU), que não classifica o Hamas como grupo terrorista.

“Qualquer resolução que tivesse os termos que o senhor usou, considerando [o Hamas] uma organização terrorista, estaria contrário aos dispositivos da ONU e teria oposição e veto dos outros países”, afirmou o ministro em resposta a Viana sobre a votação que aconteceu no Conselho de Segurança.

Retirada de brasileiros

Vieira explicou que a operação para retirada dos brasileiros que desejam sair de Israel está “em estágio avançado”. A expectativa do Itamaraty é retirar cerca de 1500 pessoas do país na primeira fase, dedicada a turistas, e depois atender os que moram no país. São cerca de 14 mil brasileiros residentes em Israel e outros 6 mil na Palestina, a maioria na Cisjordânia.

“O Brasil foi o primeiro país a iniciar uma operação de repatriação de nacionais, com altíssima eficiência. Temos cidadãos em necessidade de assistência dos dois lados do conflito. É nosso dever e prioridade atender a ambos o mais rapidamente possível. A determinação do presidente da República é não deixar nenhum brasileiro para trás. Quero agradecer ao apoio de muitos parlamentares que entraram em contato e nos ajudaram a identificar pessoas que precisam de ajuda, tanto em Israel quanto na Palestina”.

A situação dos brasileiros em Gaza é “mais complexa”, segundo o ministro, o território está sob bloqueio israelense e o único ponto de saída, na fronteira com o Egito, está fechado.

São 32 pessoas que manifestaram a vontade de retornarem ao Brasil, incluindo 13 crianças. Vieira explicou que o Itamaraty está em contato com “todas as partes” para negociar a passagem dos brasileiros.

Questionamentos

Senadores de oposição questionaram o chanceler pela postura que consideraram insuficiente da diplomacia brasileira contra o Hamas. Apesar de elogiarem o esforço de repatriação dos brasileiros, os parlamentares disseram desaprovar o fato de o Brasil não ter classificado o Hamas como um grupo terrorista.

* Com informações da Agência Senado

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