Maioria dos brasileiros rejeita posse de armas e liberdade para policiais atirarem em suspeitos, diz pesquisa

Jair Bolsonaro com arma. Foto: Reprodução de Internet

Jair Bolsonaro com arma. Foto: Reprodução de Internet

Duas das principais bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a flexibilização da posse de arma e a introdução do chamado excludente de ilicitudade para policias (o que aumentaria a proteção aos agentes de segurança que matarem pessoas em serviço), são rejeitadas pela maioria da população, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.

De acordo com o levantamento, que consultou 2.806 pessoas em 130 municípios do país, nos dias 2 e 3 de abril,
64% das pessoas ouvidas acham que a posse de arma deve ser proibida porque representa ameaça à vida de outras pessoas.

A ideia de que a posse de armas deveria ser proibida porque representa ameaça à vida de outras pessoas é especialmente alta entre mulheres (74%), jovens de 16 a 24 anos (69%) e pessoas com renda de até 2 salários mínimos (72%).

Por outro lado, a ideia de que o cidadão tem direito à posse de arma legalizada para se defender é mais difundida entre homens (47%), pessoas de cor branca (44%), com formação em nível superior (40%) e com renda maior que 10 salários mínimos (40%).

Os dados divulgados indicam que, embora a maioria concorde que os policiais devem ter permissão para matar em legítima defesa, o que já é previsto no Código Penal , apenas 17% acredite que os policiais devem ter mais liberdade para atirar em suspeitos mesmo que isso possa atingir inocentes. Além disso, 79% acredita que policiais que matam suspeitos de crimes devem ser investigados.

No último domingo (7), o músico e segurança Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, morreu e seu sogro ficou ferido após dez militares do Exército dispararem contra o carro em que estavam, na Estrada do Camboatá, em Guadaulpe, Zona Norte do Rio de Janeiro. Foram feitos mais de 80 disparos. Também estavam no carro a mulher de Evaldo, seu filho, de sete anos, e uma afilhada do casal, de 13 anos. Eles iam a um chá de bebê.

A flexibilização da posse de arma foi decidida por meio de decreto presidencial assinado no primeiro mês do governo Bolsonaro e retirou o que defensores da medida classificavam de subjetividade na burocracia para obter a licença para possuir uma arma.

Sobre a confiança na Polícia: 47% dos ouvidos relataram ter mais confiança que medo, ao passo que 51% tem mais medo do que confiança. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, o ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que o episódio não poderia ser enquadrado na alteração proposta no pacote anticrime . Segundo ele, o projeto estabelece a redução ou não aplicação de pena em caso de agentes que tenham agido em legítima defesa, o que não teria sido o caso da ação militar no Rio. A segurança pública, ao lado do combate à corrupção, foi a grande bandeira da campanha bolsonarista.

Ainda de acordo com a pesquisa divulgada pelo Datafolha, a população brasileira está dividida em relação à confiança na Polícia: 47% diz ter mais confiança que medo, ao passo que 51% tem mais medo do que confiança.

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