Líder quilombola Mãe Bernadete é assassinada dentro de terreiro na Bahia

Maria Bernadete Pacífico. Foto: Divulgação/Conaq

Maria Bernadete Pacífico. Foto: Divulgação/Conaq

A líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), Maria Bernadete Pacífico, a mãe Bernadete, foi assassinada na noite desta quinta-feira (17),
dentro de um terreiro no município.

De acordo com os primeiros relatos, divulgados pelo perfil de Bernadete nas redes sociais, a quilombola estava sentada em um sofá, dentro do terreiro, quando quatro homens armados entraram e começaram a disparar. Ela morreu no local.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel onde estava a vítima, de 72 anos, na cidade de Simões Filho, e efetuaram disparos com arma de fogo.

O filho de Bernadete, Wellington dos Santos, disse em entrevista à TV Bahia, na manhã desta sexta-feira (18), a mãe foi assassinada com tiros no rosto: “Minha família está sendo perseguida, meu irmão foi morto da mesma forma. Não vamos parar, quilombo sempre será resistência”.

Bernadete Pacífico é mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, assassinado há quase seis anos, no dia 19 de setembro de 2017.

Governador se manifesta

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do PT, disse que recebeu “com pesar e indignação” a notícia da morte de Mãe Bernadete, a quem chamou de “amiga e grande liderança quilombola da Bahia”. Ele determinou que as polícias Militar e Civil sejam firmes na investigação.

Maria Bernadete Pacífico. Foto:. Reprodução/Instagram
Maria Bernadete Pacífico. Foto:. Reprodução/Instagram

Violência

Para Denildo Rodrigues, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Bernadete foi assassinada pelo mesmo grupo responsável pela execução de Binho.

“Ela sabia e a Justiça sabia que quem mandou matar Binho tava lá, perto da comunidade. Só que não deu nada. Ela nunca ficou quieta. Agora foi silenciada. Muito triste para nós”, lamentou Denildo.

De acordo com ele, as lideranças das comunidades quilombolas e terreiros de Simões Filho são ameaçadas permanentemente por grupos ligados à especulação imobiliária, interessados em ocupar os territórios. O município fica na região metropolitana de Salvador.

A capital da Bahia foi identificada pelo Censo Quilombola do IBGE como a capital com a maior população quilombola do país. São quase 16 mil quilombolas e cinco quilombos oficialmente registrados.

Levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, realizado com apoio das secretarias de segurança pública estaduais e divulgado em junho deste ano, já apontava a Bahia como o segundo estado do Brasil com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais. Atrás apenas do Pará, a Bahia registrou 428 vítimas de violência no intervalo de 2017 a 2022.

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