Líder do governo Bolsonaro apresenta ‘incompatível’ movimentação bancária

Ricardo Barros. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Em relatório entregue à CPI da Covid-19, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) alegou que o líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado Ricardo Barros, do PP, apresentou uma movimentação financeira incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira.

Segundo dados obtidos pelo site “Metrópoles”, Barros movimentou o equivalente a 94% de seu patrimônio líquido, ou seja, R$ 418 mil dos R$ 446 mi declarados.

“É investigado pelo MP-PR, por supostamente aproveitar-se de sua influência política para adquirir metade de um lote de R$ 56 milhões em Marialva (PR), após ter declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio total de apenas R$ 1,8 mil. Barros, que também responde por sonegação fiscal, foi citado na lista dos políticos com ‘fichas sujas’”, argumenta o órgão.

O Conselho afirma que as operações foram realizadas com a utilização de “estreitos colaboradores” sem uma justificativa econômica. “movimentação por meio de saques, os quais dificultam identificar os beneficiários finais dos recursos”, também o identificados.

O parlamentar movimentou dinheiro com familiares ou “estreitos colaboradores” sem que fossem justificados por eventos econômicos, apontou o documento.

Das contas que receberam as transferências de Barros, 13 delas são de pessoas físicas e 24 jurídicas. A justificativa dada pela administradora das contas correntes, é de que trata-se de recursos oriundos de vendas de imóveis.

O relatório do Coaf lembra que Ricardo Barros é investigado por crime eleitoral, corrupção passiva, crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, fraude, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e lavagem eleitoral.

O parlamentar, por sua vez, nega qualquer irregularidade e diz que as movimentações ocorrem “dentro da normalidade”

Em nota ao jornal “O Globo”, Barros explica que “não há relação entre movimentação financeira e patrimônio declarado. São coisas incomparáveis. A Receita Federal inclusive já acatou a minha defesa em processo administrativo que questionava essas movimentações. Não há nada de irregular”.

CPI da Covid-19

O deputado virou alvo da CPI da Covid-19 após o deputado federal Luis Miranda, do DEM, ter levado à Comissão Parlamentar de Inquérito suspeitas de corrupção na aquisição da vacina indiana Covaxin. Em outra ocasião, Jair Bolsonaro teria dito se tratar de um “rolo” de Ricardo Barros.

Após a suspeita de corrupção vir à tona, o Ministério da Saúde decidiu suspender o contrato de R$ 1,6 bilhão com a fabricante do imunizante, a indiana Bharat Biotech.

Antes convocada apenas para prestar depoimento, o parlamentar passou à condição de investigado pela CPI, conforme anunciou o relator da comissão, Renan Calheiros, no dia 18 de agosto.

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