O legado macabro do Hospital Federal de Bonsucesso, por Sidney Rezende

Leitos do Hospital Federal de Bonsucesso. Foto: Leitor do SRzd

Leitos do Hospital Federal de Bonsucesso. Foto: Leitor do SRzd

A gestão do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na Zona Norte do Rio, inaugurado em 1948, atualmente de responsabilidade do Ministério da Saúde, bem que merecia passar por uma profunda investigação conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça. Até existe uma ação judicial que apura a falta de leitos e profissionais para o atendimento de vítimas da Covid-19. Mas deve dar em nada.

A contribuição do HFB nesta pandemia é macabra: 6 óbitos, só de funcionários. Já morreram três auxiliares de enfermagem, uma enfermeira, um ascensorista e um trabalhador da limpeza.

A visita de duas horas à unidade hospitalar feita pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, neste sábado (9),  não foi tranquila. E não era para ser mesmo.

Os profissionais de Saúde repetiram na sua cara o que eles reclamam há meses. O sucateamento da rede de Saúde federal é um caso sério. O HFB era para ser motivo de orgulho, mas isto não é possível. E a responsabilidade não é de quem ali trabalha. E, sim, de quem dá ordens do alto da pirâmide.

Os mais jovens não são obrigados a saber, mas o Hospital de Bonsucesso já foi referência em nefro, cirurgia oncológica e tratamento de tumores neuroendócrinos.

As fotos que ilustram esta reportagem mostram que existe uma estrutura mínima para atender a população, mas o governo federal não incluiu o Hospital Federal de Bonsucesso como referência no combate à Covid-19. E nem o do Fundão. E nem o Gaffrée e Guinle. Eles decidiram que, no Rio, seria apenas a Fiocruz, e o que se vê agora é o colapso da rede enquanto os hospitais federais poderiam ser muito mais inclusivos.

Vale lembrar que a decisão de o Hospital de Bonsucesso não ser referência vem desde a administração de Luiz Henrique Mandetta.  O representante do Ministério da Saúde no Rio, Marcelo Muniz Lamberti, inimigo do Mandetta, e ligado ao senador Flávio Bolsonaro, chegou a dizer que 170 leitos seriam disponibilizados somente para vítimas de coronavírus. Isto não aconteceu.

 

Chegamos a conclusão que a vida do senhor ministro da saúde e da comitiva da direção do HFB é mais importante que a de tantos profissionais.

A realidade é que os servidores reclamam que não há fluxo de funcionamento de trabalho, não há orientação de como vestir o uniforme ou tirar a roupa com mais segurança para evitar contaminação, e que não tem equipamentos de Segurança do Trabalho. E nem regras de como proceder no caso da abordagem de pessoas que já estejam com coronavírus.

O que dizem os trabalhadores

Nós, funcionários do Hospital Federal de Bonsucesso, manifestamos a nossa indignação diante do que vimos na data de hoje, dentro das dependências desse hospital.
Fomos orientados, pela CCIH desse hospital, a utilizar máscaras cirúrgicas em áreas próximas as enfermarias dos pacientes, com o pretexto de que nesse local não existe a presença de aerossol.
E que por esse motivo não existe a necessidade da máscara N95 , nem a necessidade do uso da face.
Porém hoje , durante a visita do senhor ministro da saúde, podemos notar que ele e representantes da direção do HFB, transitavam pelas dependências do mesmo hospital, nos mesmos setores, utilizando a máscara N95 , capote de gramatura elevada ; e até um óculos de proteção que se sobrepõe ao óculos de grau.
Chegamos a conclusão que a vida do senhor ministro da saúde , e da comitiva da direção do HFB é mais importante que a de tantos profissionais que estão na linha de frente dos Hospitais.
Outra conclusão que chegamos é que os EPI que até hoje utilizamos, não nos concede proteção. Do contrário o senhor ministro e a comitiva também estaria utilizando os mesmos que nós utilizamos no nosso dia a dia de trabalho.












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