Lava Jato desconfiou de peça-chave da prisão de Lula, indica vazamento

Léo Pinheiro e Lula. Foto: Reprodução

Léo Pinheiro e Lula. Foto: Reprodução

Uma nova série de mensagens referentes a Operação Lava Jato obtidas pelo site “The Intercept” foram
divulgadas na madrugada deste domingo (30) pelo jornal “Foleha de São Paulo”. O foco da nova publicação é a investigação de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e uma das peças-chave na prisão do ex-presidente Lula.

“O empreiteiro que incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso que o levou à prisão foi tratado com desconfiança pela Operação Lava Jato durante quase todo o tempo em que se dispôs a colaborar com as investigações, segundo mensagens privadas trocadas entre procuradores envolvidos com as negociações”, aponta a reportagem.

“Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista.”

A matéria lembra que Léo Pinheiro só apresentou a versão usada para condenar Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato.

As mensagens mostram diálogos desde 2016, quando os advogados da OAS buscavam um acordo para evitar a prisão de Léo Pinheiro, que já era condenado na Lava Jato por pagamento de propina. Após assinarem um acordo de confidencialidade, os procuradores viram as informações serem divulgadas pela revista “Veja” e decidiram suspender as negociações.

Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, chegou a insistir nas negociações, pois “ainda, trazem PSDB como nenhum que fechamos trouxe. Até fecharmos algo bom do PSDB, não dá pra descartar”, escreveu em uma troca de mensagens em 20 de agosto de 2016.

A procuradora Anna Carolina Resende Maia Garcia mostrou preocupação em continuar negociando depois do vazamento na Veja: “acho que devíamos romper. (…) Essa manobra deles pode nos custar muito caro. O STF vai se fechar e vão acabar com nossos acordos. Não acho q o risco valha a pena. Temos que sinalizar claramente que não vamos ser usados”, respondeu a mensagem de Dallagnol.

Uma fonte ouvida pelo jornal contou que a primeira versão do depoimento de Pinheiro dizia que o tríplex no Guarujá (SP) atribuído a Lula era um presente. Ainda de acordo com a reportagem, as versões foram mudando até 2017, quando Pinheiro foi interrogado por Sérgio Moro. Na ocasião, ele falou pela primeira vez sobre manter uma conta informal para administrar acertos com o PT.

Nas conversas entre procuradores, não é citado nenhuma mudança no depoimento de Pinheiro, mas mostram diversas alterações no acordo entre procuradores e advogados da OAS ao longo de meses: “Na última reunião dissemos que eles precisariam melhor[ar] consideravelmente os anexos”, escreveu o procurador Roberson Pozzobon em julho de 2016.

Desde o começo de junho o site “The Intercept Brasil” divulga mensagens de grupos de Telegram relacionados à força-tarefa da Lava Jato .

Comentários

 




    gl