Julgamento de Witzel tem choro, depoimento protegido por lençol e pedido: ‘Deixa o povo julgar’

Wilson Witzel. Foto: Reprodução

O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), fez, nesta quarta-feira (7), sua defesa no Tribunal Especial Misto, que julga processo de impeachment contra ele.

Witzel está afastado temporariamente do cargo desde 28 de agosto de 2020, por decisão do Superior Tribunal de Justiça, em investigação que apura suposta participação em esquema de corrupção. Em 11 de fevereiro de 2021, o STJ recebeu denúncia contra o governador e prorrogou o afastamento pelo prazo de um ano.

No Tribunal, Witzel chorou ao tomar a palavra, citou os processos de impeachment dos ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff e pediu para deixar o povo lhe julgar:

“Deixa o povo julgar. Em 2022 teremos eleições. Não vejo um movimento ‘Fora Witzel’. Estou sendo julgado pelo STJ, vamos colocar a carroça em frente dos bois?”, perguntou.

O governador lembrou que quando escolheu Edmar Santos para ocupar a Secretaria de Saúde, o ex-secretário não dava indícios de ter histórico de corrupção, como foi constatado depois, em investigação que revelou um esquema de corrupção na saúde do estado. Em seu discurso prévio, Witzel se emocionou:

“Fui servidor público e militar da Marinha de Guerra. São 35 anos de vida pública movida pelo sentimento de lealdade e amor. O que estão fazendo com a minha família é muito cruel. Decidi deixar a Magistratura por um ideal. Prometi que a saúde do Rio seria exemplar, mas infelizmente o secretário (Edmar Santos) não acreditava”.

Edmar Santos se tornou delator e implicou Witzel em um esquema de desvios de recursos públicos na área da saúde durante a pandemia da Covid-19. Desde o início das investigações, Witzel nega ter cometido irregularidades. A suspeita é que o governador tenha recebido, por intermédio do escritório de advocacia de sua mulher, Helena Witzel, pelo menos R$ 554,2 mil em propina.

No interrogatório de hoje, Edmar, ex-secretário estadual de Saúde do Rio, afirmou que alertou o “chefe” sobre os problemas de corrupção envolvendo diferentes segmentos da área:

“Eu procurei o senhor para avisar que estavam passando dos limites e comprometendo o funcionamento dos hospitais”, disse Edmar.

Santos chegou envolto em um lençol vermelho ao plenário e permaneceu coberto por biombos e cartazes. A defesa do ex-secretário pediu que a imagem dele fosse preservada, alegando a segurança dele e da família. O tribunal concordou, e a imprensa foi proibida de fazer imagens e transmitir o depoimento.

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