O empresário Joesley Batista afirmou em depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (19) ter repassado R$ 110 milhões ao senador durante a campanha de Aécio
Neves à Presidência da República em 2014 em troca de apoio nos negócios do Grupo J&F.
O empresário entregou aos policiais uma planilha em que listou doações, ao lado de notas fiscais e de recibos com informações para comprovar o repasse ao senador. De acordo com Joesley, o valor foi dividido entre o PSDB, que teria ficado com R$ 64 milhões, o PTB, com R$ 20 milhões, e o Solidariedade, que teria levado R$ 15 milhões. Além disso, outros R$ 11 milhões foram repassados, segundo Joesley, para as campanhas de políticos que apoiaram o tucano na disputa pela Presidência em 2014.
Em outro depoimento, o dono da J&F disse que pagou uma espécie de “mesada” de R$ 50 mil por mês ao senador entre 2015 e 2017.
Os dois depoimentos de Joesley reafirmam as informações prestadas pelos executivos da J&F durante as negociações do acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República em maio do ano passado. Os executivos gravaram conversas com Aécio, o presidente Michel Temer e outros políticos.
A defesa do senador Aécio Neves afirmou que o empresário Joesley Batista, da J&F, mente para tentar manter, “de forma desesperada” o seu acordo de colaboração premiada que aguarda há sete meses para ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal.
“Os recursos doados às campanhas do PSDB em 2014 somaram R$ 60 milhões e estão devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral”, disse em nota o advogado Alberto Zacharias Toron.
Segundo ele, doações feitas a outros partidos não podem ser consideradas de responsabilidade do PSDB, “tampouco de seu então presidente”. Ele disse que o senador não atendeu a qualquer interesse de Joesley.
Os novos depoimentos surgem em uma semana delicada para Aécio Neves. Na última terça-feira (17), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal tornou nesta terça-feira (17) o senador Aécio Neves réu pela primeira vez na Corte. O caso, que também envolve outras três pessoas, está relacionado ao recebimento de R$ 2 milhões da JBS.
Segundo a denúncia, apresentada há mais de 10 meses, Aécio solicitou a Joesley Batista, em conversa gravada pela Polícia Federal (PF), R$ 2 milhões em propina, em troca de sua atuação política. O senador foi acusado pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot dos crimes de corrupção passiva e tentativa de obstruir a Justiça.
Na véspera do julgamento, nessa segunda-feira (16), Aécio reconheceu que “cometeu erros” e disse que “foi ingênuo” ao aceitar “um empréstimo” do empresário Joesley Batista , da JBS.
Apesar disso, o segundo presidenciável mais votado nas eleições de 2014 garantiu que “não cometeu nenhuma ilegalidade” e que não praticou “um ato sequer em favor da JBS”.
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