João de Deus passa primeira noite na prisão

Após se entregar à polícia na tarde do último domingo (16), o médium João de Deus passou sua primeira na noite na cadeia. Ele é acusado de ter abusado sexualmente de mulheres durante tratamentos espirituais. Mais de 300 denúncias contra o médium foram registradas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Esta foi a segunda aparição de João Teixeira de Faria, o João de Deus, após as denúncias de abuso sexual. Ele tinha sido visto pela última vez, na quarta-feira (12), em Abadiânia, no entorno do Distrito Federal. O médium tentou permanecer no local onde realizava os atendimentos, mas precisou sair por causa do tumulto. Desde então, ele não realizou mais aparições públicas.

Sua prisão temporária foi decretada na última sexta-feira (14) pelo juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende. Após o comunicado, João de Deus foi considerado como foragido. O médium não havia se apresentado no período estimado pela justiça e uma quantia de cerca de R$ 35 milhões foi movida em suas contas bancárias. Comportamento foi considerado suspeito pelas autoridades. Por causa disso, o nome do médium foi incluído na lista de procurados da Interpol — órgão de segurança internacional.

João de Deus apenas se entregou por volta de 16h, no domingo, em Abadiânia. Ele foi levado pelos policiais à Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). Sua chegada ocorreu por volta de 18h.

Na Delegacia, o médium prestou depoimento aproximadamente por 3 horas. O conteúdo não foi divulgado pela Deic por conter “informação sensível”. No entanto, de acordo com a Deic, João de Deus ofereceu “suas versões e explicações” sobre o caso.

Ele está preso em uma cela de 16 m² com outros três homens. O médium apenas poderá receber visitas após 30 dias de prisão.

Denúncias

O escândalo envolvendo João de Deus veio à tona durante o programa Conversa com Bial, da TV Globo. Várias mulheres afirmaram terem sido vítimas do médium. O episódio foi exibido no dia 7 de dezembro.

De acordo com os relatos, João de Deus as teria levado para cômodos isolados e as molestado, acariciando seus corpos. Algumas mulheres garantem que o médium chegou a expor seu pênis, forçando-as a tocá-lo a pretexto de curá-las.

Em nota divulgada no dia seguinte ao programa, a Federação Espírita Brasileira afirmou que o espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida.

A entidade informou, ainda, que “não recomenda a atividade individual de médiuns que atuem por conta própria” que, portanto, “não estão vinculados ao movimento espírita, nem seguindo sua orientação”.