Inflação atinge os mais pobres: preços nos supermercados sobem 12,69%

Carrinho de supermercado. Foto: Divulgação

Carrinho de supermercado. Foto: Divulgação

A inflação percebida pelos brasileiros mais pobres mais do que triplicou na comparação com a das pessoas de maior poder aquisitivo em 2020.

De janeiro a outubro, a inflação das famílias de renda muito baixa foi de 3,68% e a da alta renda, 1,07%. Levando em conta somente os alimentos consumidos no domicílio, aqueles comprados em supermercados, o avanço de preços no ano foi de 12,69%.

O grupo de renda mais baixa considera as famílias que recebem menos de R$ 1.650,50 mensais. A faixa mais rica tem renda domiciliar mensal acima de R$ 16.509,66 mil.

Os dados constam em um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considerando informações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA–15), apurado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento simula que o desempenho do IPCA de outubro seja idêntico ao da prévia, o IPCA-15, divulgado na última sexta-feira (23).

“O preço dos alimentos mudou de patamar e vai continuar subindo, só vai subir menos”, disse o professor Luiz Roberto Cunha, decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio. As entrevistas foram publicadas em reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”.

Nos 12 meses encerrados em outubro, a inflação percebida pelas famílias de renda mais baixa subiu a 5,48%, acima da meta de 4,0% perseguida pelo Banco Central. Entre os mais ricos, a inflação foi de 2,50% no período.

O arroz subiu 51,72% de janeiro a outubro. O feijão carioca aumentou 21,15%. A farinha de trigo está 13,76% mais cara. O óleo de soja teve alta de 65,08%. As frutas aumentaram 18,49% e as carnes, 11,04%.

“Os alimentos no domicílio representam 30% do cálculo da inflação da baixa renda. Enquanto que entre a dos mais ricos não chega a 10%. Então o impacto do aumento de preços acaba sendo muito menor entre os mais ricos”, disse Maria Andréia Parente Lameiras, técnica da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, responsável pelo cálculo do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.

“O que tem subido é aquilo que mais pesa no consumo das famílias mais pobres: arroz, feijão, carne, óleo de soja, ovos, leite. Os alimentos já pesam muito, e dentro da alimentação esses são os que mais pesam. São alimentos básicos, de difícil substituição. Vai trocar o arroz e feijão pelo macarrão? Mas o macarrão também está subindo, porque a farinha de trigo está mais cara”, destacou.










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