Inferno de Dante na Sapucaí: não é ficção, é realidade na veia

Carro alegórico da Unidos da Tijuca. Foto: Jeanine Gall

Carro alegórico da Unidos da Tijuca. Foto: Jeanine Gall

Antes do início do Carnaval o que mais se temia era que a crise financeira que assola o país se refletisse no empobrecimento das apresentações das escolas de samba. Nunca que se testemunharia, ao vivo, o inferno de tragédias em sequência. A primeira delas, na madrugada de sábado para domingo; a segunda, mais tarde, à noite; e, a terceira, na madrugada de segunda para terça.

O balanço é cruel. Duas senhoras foram submetidas a cirurgias delicadas. Uma delas por conta de uma grave fratura exposta na perna esquerda. Uma porta-bandeira com entorse no joelho sabe que sua recuperação será lenta.

E não podemos deixar de registrar que outras pessoas deram entrada nos hospitais públicos com ferimentos de todo o tipo. Há um sentimento no ar de que anda faltando transparência na comunicação do que de fato aconteceu e a real situação de como hoje se encontram as vítimas.

Nem mesmo a criatividade do carnavalesco Renato Lage poderia imaginar algo tão triste. No ensaio técnico, o Salgueiro apresentou vários componentes vestidos de diabo. Ali, a ficção representava o Inferno de Dante. A realidade foi pior, muito pior do que poderíamos imaginar.

Existe uma cronologia. No sábado (25), a porta-bandeira da Unidos de Padre Miguel, Jéssica Ferreira, do nada, pisou em falso, e sofreu uma torção no joelho. O seu sofrimento se refletiu no sentimento de perplexidade e estupefação compartilhado por todos os demais casais de porta-bandeira e mestre-sala que se apresentaram depois, no Grupo A. Com impacto também nos casais do Grupo Especial.

Veja abaixo vídeo com o acidente sofrido pela porta-bandeira da UPM.

No domingo, foi a vez da bruxa voltar a agir. Um carro alegórico da Paraíso do Tuiuti, aparentemente desgovernado, imprensa pessoas contra as cabines do lado direito de quem entra do setor 1. Ao dar ré, no afã de se tentar minimizar o problema, o carro bate na grade, – só que do outro lado -, e ali acontece tudo de pior do que se possa imaginar.

 

Três pessoas foram vítimas do peso do veículo. O motorista, apesar de profissional com experiência em direção de caminhão, nunca havia dirigido um carro ornamental. Embora, aparentemente capacitado tecnicamente para exercer a função, o motorista se defende dizendo que algo estranho ocorreu com o veículo. A perícia preliminar constatou que um problema no eixo central do carro pode ter contribuído para o descontrole.

Veja abaixo outros vídeos do incidente com o carro da Paraíso do Tuiuti.

 

Na madrugada de terça (28), outra agremiação amarelo e azul viveria seu drama. Mas não pior do que o de novas vítimas. Por ironia do destino, o carro que se desmontou chama-se Nova Orleans. A estrutura não suportou o peso dos materiais das alegorias e nem das pessoas em cima dela, e cede. Componentes caem lá de cima. Alguns ficam presos nas ferragens.

A alegoria que simboliza a cidade americana conhecida pelo seu jazz de qualidade também foi vítima no passado de uma tragédia histórica por conta do avassalador furacão Katrina. Neste carro, o destaque baixo frontal, Luana Ritz, testemunhou os colegas caindo atrás de si. Pelo menos 15 feridos e cinco em estado grave.

 

 

A pergunta agora é: quem são os responsáveis por tantas irresponsabilidades? O diabo – ou a bruxa – é que não podem ser. As autoridades têm o dever de dar uma resposta convincente. Afinal, estamos no palco do maior espetáculo do planeta.

Veja a galeria de fotos com os acidentes na Sapucaí.

 

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