Grupo de jovens negros de favelas organizou incêndio ao Borba Gato, diz jornalista

Borba Gato. Foto: Reprodução/Twitter

Reportagem da jornalista Laura Capriglione revela quem são os protagonistas do incêndio da estátua do Borba Gato que causou impacto no fim de semana: jovens negros das favelas de São Paulo.

No site “Jornalistas Livres”, Capriglione escreveu que “organizados em algumas das principais favelas de São Paulo, esses jovens, auto-denominados ‘Revolução Periférica’, têm profunda consciência de classe. E ela não veio das leituras teóricas, às quais muitos deles dedicam-se com afinco há bem pouco tempo. Foram as letras do rap, principalmente na voz dos Racionais MC’s”.

Ela entrevistou um dos jovens, na condição do anonimato, que afirmou: “Não podemos permitir que esse símbolo do Genocídio se perpetue. Borba Gato fez parte do passado, mas não precisa fazer parte do nosso presente. Homenageá-lo é perpetuar o culto ao assassino que ele foi. É uma afronta a todos os espíritos dos homens e mulheres que ele matou. Manter Borba Gato em seu pedestal significa uma autorização para que, amanhã, sejam construídos monumentos para homenagear o genocida Jair Bolsonaro ou os milicianos que atuam nas favelas de todo o País, semeando a morte”.

Na publicação, foi descrito o processo de mobilização e organização em favelas de São Paulo até a ação direta do incêndio. Tudo começou com uma série de assembleias populares para diálogos sobre a figura de Borba Gato, o significado da estátua até o planejamento do incêndio.

A ação foi cuidadosamente planejada. A estátua, radiografada. A periferia entendeu como foi construída, com trilhos de bonde servindo-lhe de esqueleto – difícil derrubá-la já que a gigantesca escultura de 10 metros de altura (13 metros contando seu pedestal) pesa 20 toneladas (3 toneladas só a cabeça).

“Então, puseram-lhe fogo! E que fogo! Centenas de pneus velhos foram empilhados no pedestal pelos jovens em apenas 2 minutos. Daí, foi jogar gasolina e… FOGO! As labaredas e a fumaça preta envolveram o corpo do assassino. A cena era tão surreal que levou os policiais militares que atenderam à ‘ocorrência’ a uma espécie de estupor. Todos apontavam as câmeras de seus smartphones para o fogaréu de onde mal se viam os contornos do bandeirante”.

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