Governo ainda não cumpriu promessas feitas aos caminhoneiros

Caminhoneiros estacionados. Foto: Thiago Gomes/Fotos Públicas

Caminhoneiros estacionados. Foto: Thiago Gomes/Fotos Públicas

Menos de uma semana depois do fim da greve de caminhoneiros, que paralisou o Brasil e provocou uma grave crise de desabastecimento, o governo ainda não conseguiu cumprir todos os compromissos assumidos nas negociações com a categoria.

O governo já sinalizou que terá de recuar de algumas promessas. Uma delas diz respeito ao frete, cujo tabelamento provocou fortes críticas do agronegócio.

Diante disso, os ministros da Agricultura, Blairo Maggi, e dos Transportes, Valter Casimiro, informaram que os valores definidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) serão ajustados e, em alguns casos, devem cair. A nova tabela ainda não foi publicada e, na próxima semana, o órgão irá abrir uma consulta pública sobre o assunto.

Os preços do diesel ainda não tiveram a redução de R$ 0,46 por litro prometida nas bombas. Embora a equipe econômica tenha assumido uma conta de R$ 13,5 bilhões para bancar uma redução e um subsídio ao combustível, alguns postos afirmam que a queda total só pode ser repassada se os estados baixarem o ICMS.

No Planalto, os auxiliares mais próximos do presidente Michel Temer temem pelo futuro das negociações, feitas sob pressão. E há grande preocupação com uma nova paralisação, apesar de agora o movimento não contar mais com o apoio das transportadoras. O medo é em relação aos grupos mais radicais de caminhoneiros autônomos.

Nesta quarta-feira (6), o governo recuou da medida de maior visibilidade do pacote, o desconto de R$ 0,46 no litro do diesel. Em entrevista à rádio CBN, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha , admitiu que o corte será menor: R$ 0,41.

O argumento é que o desconto só incide sobre o derivado de petróleo, mas o que é comercializado nos postos contém 10% de biocombustíveis, sobre o qual não houve corte. O raciocínio, porém, é refutado pela Aprobio, a associação dos produtores de biodiesel, que dizem que o corte prometido se refere ao produto na saída da refinaria.

Além disso, após prometer o uso do “poder de polícia” para garantir o repasse do desconto aos consumidores, o governo passou a admitir, internamente, que as multas aplicadas pelos Procons pela ausência do repasse podem virar alvo de batalha na Justiça, já que o preço dos combustíveis é livre.

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