Globo prossegue programa de aperto financeiro e devolve prédio alugado no Jardim Botânico

Prédio que era ocupado pelo Grupo Globo. Foto: SRzd

A exemplo de muitas outras empresas diante da crise, o Grupo Globo há pelo menos 3 anos desenvolve um programa de ajuste financeiro visando reduzir custos. O lance mais recente é devolver prédios alugados e optar pela transferência das operações e pessoal ali alocados para imóveis próprios com o objetivo de diminuir impacto no centro de custos.

Por este motivo, a empresa não ocupa mais o número 97 da rua Jardim Botânico, que apesar do logotipo vistoso dar a impressão aos transeuntes que a construção integraria o imenso rol de imóveis da família Marinho, na verdade é de propriedade do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e associados.

Sinal amarelo: programa administrativo e financeiro que visa controlar gastos.

O local está disponível para aluguel para interessados (ver foto acima). Na verdade, o que está acontecendo é a aceleração de um programa administrativo que visa controlar gastos. Por causa desta motivação, os gestores aprovaram e já executaram em 2018 a transferência das suas rádios CBN, Globo e FMs musicais do lendário prédio da rua do Russel para o centro da cidade, onde foi construído um moderno prédio contíguo ao jornal O Globo. O prédio da Glória poderá ser posto à venda, embora atualmente pareça local abandonado.

No caso da rádio, depois da dispensa de comunicadores que ocupavam liderança de horário, foram criados novos programas que passaram a ser gerados do Projac, onde as telenovelas são produzidas e ficam os estúdios televisivos. Desta forma, pôde-se minimizar custos de remuneração aos talentos que passaram a servir tanto à TV como à nova programação radiofônica.

Prédio da Globo é alvo de tinta vermelha jogada por manifestantes em janeiro de 2018. Foto: Reprodução/Facebook/MST
Prédio da Globo é alvo de tinta vermelha jogada por manifestantes em janeiro de 2018. Foto: Reprodução/Facebook/MST

O prédio da Jardim Botânico que foi desocupado é o mesmo que, em janeiro de 2018, serviu de palco para protestos de ativistas que acusaram a Globo de manipulação e ali permaneceram em vigília para chamar atenção ao julgamento de um recurso dos advogados do ex-presidente Lula. Na ocasião, foram lançados jatos de tinta vermelha que mancharam a porta e as paredes, exigindo a presença policial.

A entrega do prédio não tem a ver com o protesto e, sim, com uma nova política financeira do grupo. O conceito de sinergia que já existia na empresa desde a década de 90 foi intensificado. A ideia é que os profissionais de todas as áreas e, principalmente de conteúdo, trabalhem para todo o grupo, como uma única empresa. Este tipo de utilização de mão-de-obra gera desconforto entre os jornalistas que se sentem “explorados” e reclamam do volume de trabalho sempre intenso, já que têm que alimentar várias plataformas.

Embora as razões sociais sejam distintas, nem todos os trabalhadores estão conscientes que são registrados para cumprir certas missões e acabam se vendo obrigados a colaborar com todo o Grupo.

Os profissionais mais experientes e, consequentemente, com salários maiores, estão sendo dispensados. Em seus lugares, têm assumido jovens com vencimentos de até 2/3 (ou mais!) de redução frente ao que recebiam os antigos responsáveis pelas tarefas que hoje os recém-formados embolsam.

Um dos casos mais emblemáticos deste novo tempo são as máquinas que vêm substituindo pessoas e nem tem havido “reposição humana”. É o caso de muitas câmeras que hoje são conhecidas como “robôs” e um único profissional a opera, utilizando joysticks semelhantes aos utilizados em aparelhos de games.

Apesar do enxugamento ser mais visível na TV Globo por conta do afastamento de rostos conhecidos do público, os cortes de pessoal atingem todos os setores. Os da área gráfica, jornal e revistas, têm sido constantes. Embora a política de ajuste se dê mais fortemente duas vezes no ano.

 

 

 

 

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