O jornalista Glenn Greenwald, editor do site “The Intercept Brasil”, concedeu na noite desta segunda-feira (2) entrevista a jornalistas no programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Durante a exibição, a atração chegou ao topo dos Trending Topics no Twitter.
O programa, comandado pela jornalista Daniela Lima, teve na bancada de sabatina Lilian Tahan, diretora-executiva do site “Metrópoles”; André Vieira, do “Valor Econômico”; Gabriel Mascarenhas, de “O Globo”; e Felipe Recondo, do site “Jota”.
Diante da insistência dos entrevistadores, Glenn reafirmou que as mensagens entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que vêm desvendando a nuance parcial e política da operação Lava- Jato, são autênticas.
Ele contou que todo o conteúdo foi analisado por especialistas, inclusive estrangeiros, e que as conversas ainda passaram por análises de outros veículos que estão divulgando a série, como a “Veja”, a “Folha de S. Paulo”, o “El País”, a “Agência Pública” e o “BuzzFeed”.
“Esse jogo cínico que Moro e Dallagnol estavam fazendo acabou. Todos sabem que as mensagens são autênticas. Temos um ministro da Justiça e um coordenador da Lava-Jato que usavam métodos corruptos não em casos isolados, mas o tempo todo”, afirmou.
Greenwald negou que tenha pago qualquer quantia financeira para sua fonte repassar as informações que obteve e também ressaltou que sua equipe não trabalha com estratégia de “timing” para as matérias, mas apenas com apuração jornalística.
“Nunca pagamos nenhum centavo para nenhuma fonte, inclusive a fonte que passou essa informação para a gente”, disse enfatizando que a discussão mais importante sobre a fonte, ou se ela foi paga ou não, é o conteúdo que tem sido divulgado.
O jornalista afirmou que os jornalistas têm não só o direito, mas a obrigação de publicar conteúdo como o que ele e sua equipe vêm publicando.
“Isso é a história dos jornalistas não só aqui mas em todo o mundo democrático”. Ele ainda lembrou de quando defendia a operação Lava-Jato e negou que a série de reportagens estejam enfraquecendo a operação.
“Em 2016, eu dei uma palestra onde estava Dallagnol e outros procuradores, elogiei a Lava-Jato, mas é impossível combater a corrupção com corruptos ou métodos corruptos. Então, eu acredito, sem dúvidas, que o trabalho que estamos fazendo não está enfraquecendo a Lava-Jato e nem o combate à corrupção. Está fortalecendo pois está levando mais credibilidade”, analisou e ainda completou: “Em 2016, tinham informações hackeadas de Hillary Clinton durante a corrida presidencial e todos os jornais publicaram essa informação que foi hackeada. Por que o jornalista não é polícia. Ele tem que fazer duas perguntas: esse material é autêntico e tem relevância pública? E a resposta para as duas perguntas é sim”.
Glenn ainda disse que um procurador vazar uma informação é diferente de um jornalista divulgar informações sigilosas. Segundo ele, um procurador tem um poder enorme que exige regras e limites e dá o exemplo de Sérgio Moro, quando este grampeou a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula. Para Glenn, Moro deveria ter tido a responsabilidade de não vazar – mas ele violou a lei.
Grewnwald é sócio e cofundador do “Intercept”, site que deu início em 9 de junho à série de reportagens baseadas nos diálogos vazados de procuradores da Lava-Jato e de Sergio Moro, ex-juiz federal responsável pelos julgamentos da força-tarefa.
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